Infected Mushroom

Entrevista feita em Londres em Dezembro de 2005

Está escrito na capa do último CD deles: “A infecção está se espalhando”. Nove anos em turnê e cinco álbuns depois, Erez Aizen e Amit Duvdevani (mais conhecidos como Infected Mushroom) são os produtores mais populares de trance psicodélico. O último trabalho, I’M The Supervisor , é o mais-vendido até o momento e este ano eles foram incluídos, pela primeira vez, no ranking dos Top 100 DJs do mundo, de acordo com a conceituada revista inglesa DJMag .

Vindos de Israel, Erez e Duvdev estão disseminando a infeção por todo o mundo, da África do Sul ao Reino Unido, da Austrália ao México. Na opinião deles, a bola da vez é o Brasil. “Acho que hoje e o melhor lugar do mundo pra se tocar, disparado! O Brasil não era tão bom assim sete, oito anos atrás. Hoje, com certeza, é bem melhor do que Israel“, esbanja Duvdev.

Pra se ter uma ideia da fama desses israelenses em terras tupiniquins, veja só alguns números: eles tocaram em Brasília, Goiânia e Cuiabá em novembro e este mês estão de volta, quando eles se apresentam em 11 cidades brasileiras no curto espaço de 19 dias – e se você acha que é o bastante, ano que vem eles estarão (mais uma vez!) de volta ao país, em maio.

Então, por que essa dupla é tão famosa no maior país da América do Sul? Em outras palavras, por que psy-trance se tornou o gênero preferido das raves, que normalmente acontecem em lugares paradisíacos como praias, canions ou florestas? Trance.com.br conversou com os caras em Londres, antes da última apresentação deles na Europa este ano, no intuito de responder essas perguntas, assim como antecipar o que esta por vir no próximo álbum, previsto pro primeiro semestre de 2006.

infected

Como está indo a infecção até o momento? Há cura em vista?

Erez: Acredito que não haverá cura e está se espalhando realmente rápido ao redor do mundo, e o Brasil é a principal área infectada. É um ótimo e enorme país, com muita gente e diversos lugares pra se tocar. Em alguns deles, a gente nunca esteve antes. Isso é ótimo pra nós e pra a cena psy-trance como um todo.

Duvdev: Pra te dizer a verdade, está indo muito bem, nosso trabalho se espalhou pelo mundo rapidamente nos últimos dois anos. E cura? Não tem cura pra isso. Com certeza a infecção continuar, cada vez maior, principalmente no Brasil.

O último trabalho de vocês, I’M The Supervisor, foi lançado no ano passado. Como foi recebido até agora?

E: Muito bem! Ele foi feito especialmente pra pista de dança. Nós testamos todas as faixas antes pra ver como o público iria reagir. Se não causasse um bom impacto, não colocaríamos no CD. Além disso, este trabalho é o de mais cópias vendidas num curto espaço de tempo. Pra nós, é uma grande surpresa, pois tinha sido roubado e lançado na internet antes da data oficial. Eles roubaram na Rússia e venderam pela internet, mas isso não importa!

Como vocês descreveriam este último trabalho e o que vocês acharam do resultado?

E: Ele foi mais fácil de se fazer, porque tivemos um intervalo depois do álbum anterior, Converting Vegetarians , que é um álbum mais chill-out. A gente fez isso pra dar uma folga do psy-trance, pois sentimos que precisávamos dessa pausa. Pra volta a fazer psy-trance tivemos muita energia, muitas ideias novas pro novo álbum, portanto ficou mais fácil.

D: IM The Supervisor é um álbum puramente pra pista de dança. Veio depois do Converting Vegetarians , que foi um pouco de tudo. Nós o testamos ao redor do mundo e estamos felizes com o resultado.

A propósito, entre vocês dois, quem é de fato o supervisor?

E: Não há supervisor. Foi apenas uma piada estúpida! Num hotel na Suíça eu liguei pra recepção e pedi o numero do táxi. Eles não entenderam em inglês e então eu disse: “Posso conversar com o supervisor?”. Daí um cara nervoso disse: “Eu sou o supervisor!” Eu fiquei rindo e falei: “Pode me dar o número do táxi?”, num sotaque alemão. Nós dois rimos da situação!

E aonde são as cidades do futuro? Alguma delas é no Brasil?

E: Pra nós é apenas o mundo. A gente pensou em alguma história de ficção científica e escrevemos letras. Somos compositores de merda 🙂

D: Acho que São Paulo é uma delas. No momento está uma loucura por lá. Há várias cidades do futuro ao redor do mundo e, sim, uma delas definitivamente fica no Brasil.

DJ Mag elegeu vocês os novatos que atingiram a melhor posição no ranking dos Top 100 djs do mundo. O que vocês acharam disso? Quando conquistarão a primeira posição?

E: Sobre o primeiro lugar eu não sei. é uma competição enorme, principalmente com house e trance. Nunca imaginamos que psy-trance seria incluído nessa lista, porque parece ser um ranking de house-music. Bom, a gente está feliz, o que mais podemos dizer?

D: Ficamos honrados de fazer parte dessa lista porque ninguém é reconhecido por tocar psy-trance. Nossos fãs estão felizes e acredito que alcançaremos o primeiro lugar daqui a dois anos.

Parece que a cena eletrônica está crescendo cada vez mais pelo mundo, e o psy-trance está se tornando, gradualmente, mais comercial. Isso é culpa de Israel, de uma maneira positiva, obviamente?

D: Acho que sim, pois hoje em dia todos os artistas famosos de psy-trance vêm de lá. Infected Mushroom, Skazi e Astrix são os principais nomes. Não sei se é uma culpa, mas nós temos produzidos os maiores sucessos. Estou feliz pelo fato de que vários artistas israelenses estão fazendo sucesso pelo mundo porque somos todos amigos.

Vocês tocam direto no Brasil. Tenho certeza que são considerados ídolos por lá. Por que?

E: Primeiro, porque a polícia permite festas ao ar livre. Você pode realizar um grande festival que ninguém vai te atrapalhar. Lá e muito mais fácil e as pessoas realmente se divertem. E o melhor lugar pros músicos e acho que esse é o principal motivo, então a cena psy-trance só tem a crescer lá.

D: Não sei. Brasil, nos últimos três anos, explodiu ao som de psy-trance. Todo mundo faz festas, é um país maravilhoso. Há varios lugares ao ar livre pra se fazer festas. Acho que hoje é o melhor lugar do mundo pra se tocar, disparado! O Brasil não era tão bom assim a sete, oito anos. Hoje, com certeza, é bem melhor que Israel. A gente gosta de ir lá, a comida é boa, as mulheres, meu Deus!, são loucas, portanto esse é o lugar.

Vocês acham que as pessoas reagem da mesma maneira em todo lugar?

E: Não. Por causa do clima, acho que os brasileiros são mais receptivos, amigáveis e educados um com outro. Eles adoram uma festa! Eles gostam de sair a noite pra se divertir, adoram! Em vários lugares é impossível encontrar esse tipo de clima. No Canadá, por exemplo, a temperatura chega por volta dos -40 C !

D: Depende. No Brasil, pessoas de São Paulo já se acostumaram com festas, mas há uns dias atrás estivemos em Cuiabá, que é mais ou menos no meio do nada. As pessoas lá estavam tão animadas e dispostas, elas explodiram na pista de dança!

O que inspira vocês?

E: A melhor inspiração é uma útima festa. Se você vai a uma rave onde todos estão dançando, isso sim nos inspira. Também há o lado negativo: se ninguém esta dançando, a gente fica nervoso, pois sabemos que temos que tocar algo melhor.

D: Acho que várias coisas. Eu ouço todo tipo de música, tipo trash metal, hip hop e tento trazer um pouco disso pra nossa música; viajando pelo mundo e vendo pessoas diferentes, isso nos dá inspiração.

Você podem falar um pouco sobre o próximo álbum?

E: Temos várias parcerias e colaborações, mas ainda não sei se todas estarão no álbum. Muito psy-trance, realmente poderoso e pesado, uma música em espanhol chamada Becoming Insane , que é um grande sucesso no momento, mais músicas no estilo rock/heavy-metal.

D: É um álbum diverso com algumas faixas psy-trance, algumas breakbeat, algumas trash metal, algumas letras. Portanto não será um disco propriamente psy-trance.

Vocês estarão de volta agora em dezembro ao Brasil, e depois em maio de 2006. Pretendem tocar algo novo até o ano que vem?

E: A maioria das faixas que tocamos atualmente são do próximo CD. Talvez ate lá vamos ter feito seis ou sete novas canções. Se elas forem boas o suficiente, claro que vamos tocá-las.

Vocês tem boas memórias do Brasil? E momentos ruins, algum?

E: Várias lembranças boas! Churrascarias, muita comida, muita picanha. É um país muito louco e a gente ama o Brasil. A comida lá e muito boa. As mulheres são sensacionais! Pena que sou casado, mas mesmo assim tenho que olhar e elas são inacreditáveis. No mundo, os únicos lugares que posso comparar com o Brasil são Israel e Cidade do Cabo. Momentos ruins no Brasil? Ainda não!

D: Todas as minhas recordações do Brasil são ótimas. Sempre tivemos bons momentos por lá. Não tenho nenhuma má lembrança.

Aonde vocês encontraram o melhor público?

E: Há pouco dias tocamos em Goiânia. Foi muito bom, ótimo lugar! Cuiabá também foi especial pra gente, mas acho que o Rio de Janeiro tem o melhor público. Eles são incríveis!
D: Até agora acho que é no Rio de Janeiro.

Vocês sabem algo em português, além de palavrões?

E: Eles me ensinaram só coisas ruins, sabe como é?

D:
Tudo bem?, picanha, só palavras básicas, não muito.

Apesar do frio que está apenas começando, centenas de brasileiros que moram em Londres não se sentiram intimidados e lotaram a boate na zona leste da cidade, tudo pra presenciar a última performance do Infected Mushroom aqui este ano. Quando eles pisaram no palco, por volta da 1:30 da manha, o clima mudou completamente, pois todos já estavam preparados para o que estava por vir.
Evez e Duvdev agitaram a galera com seu poderoso e dançante psy-trance, combinado com solos pesados do guitarrista Erez Netz. Desnecessário dizer que a galera cantou de cor as letras de I Wish , Cities of the Future e I’M The Supervisor . De quebra, eles aprovaram o mais novo hit Becoming Insane . Portanto, se quiser ver uma das apresentações dos caras no Brasil, basta escolher a cidade mais próxima de você, e esteja precavido contra a infecção. Afinal de contas, você está mais do que avisado!

Infected Mushroom

Entrevista feita por Wagner Concha, representante oficial do Trance.com.br em Londres.

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