Muito além de apresentação artística ou estética do movimento, a dança é uma profunda expressão de quem nós somos, pois é no nosso corpo que a nossa existência se concretiza.
O nosso corpo é muito mais do que por vezes tomamos consciência e fala muito mais do que o que estamos dispostos a escutar geralmente. Mas uma coisa é certa, o corpo não mente.
Intrínseco à vida, o movimento surgiu muito antes da palavra e, com ele, a dança, uma parte vital da cultura humana desde tempos muito antigos.
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Hebreus, egípcios, gregos e romanos já faziam desde a antiguidade suas danças sagradas. Para os nossos ancestrais africanos a dança também ocupava um papel importante em sua cultura, a capoeira é um exemplo vivo disso.
Fonte: https://ancestralmovement.com/capoeira-angola/
Os povos que nos deram origem, os índios, até hoje mantêm sua cultura por causa da dança. É através dela e do canto, principalmente em grupo, que o povo guarani, por exemplo, ensina e transmite seus conhecimentos e histórias do passado para as novas gerações. Além disso, todos os seus rituais envolvem a dança, sejam os de colheita, guerra, nascimento, casamento ou morte.
Fonte: http://indiosdobrasilsomostodosirmaos.blogspot.com.br/2009/03/danca-do-fogo_17.html
Atualmente, a dança como elemento ritualístico continua presente em nossas vidas: dançamos em casamentos e formaturas, cantamos e batemos palmas juntos em aniversários, somos balançados ritmicamente pelos braços de nossas mães enquanto elas cantam uma canção de ninar. Tudo isso é rito de passagem, cultura e dança.
Na verdade, a gente dança muito mais do que percebe. Dança não é coreografia, dança é movimento expressivo! Caminhar pode ser uma dança, cozinhar também. Sexo é dança, das mais prazerosas. E o mais incrível é que todas essas danças que fazemos diariamente sem nos dar conta revelam informações preciosas e precisas sobre quem somos e como estamos.
Apesar disso, a dança como expressão do Ser está esquecida e reprimida em nossa sociedade. Em geral, a dança é vista apenas como demonstração estética de movimentos. Muitas vezes dançamos para o outro, pensando em quem nos observa, se estamos dançando bonito ou feio, se estamos nos expondo ao ridículo. Por vezes isso faz, inclusive, com que deixemos de dançar, reprimindo e negando essa parte essencial da nossa vida, da nossa ancestralidade e da nossa condição humana.
Nesse sentido, a cultura Trance atua também de forma a resgatar esse elo perdido, pois dentro dela encontramos espaço para vivenciarmos e relembrarmos em comunidade a nossa condição natural de seres livres e espontâneos que simplesmente dançam e sentem muito prazer com isso.
Foto retirada da página de Facebook oficial do Ozora Festival
Dança é você sendo você. A dança não existe em sua essência para ser bonita, a essência da dança é nos sentirmos livres e é aí que reside a sua verdadeira beleza.
Fotografia – Pratima Photography
Todos nós já experimentamos esse sentimento de liberdade transcendente que uma boa pista pode proporcionar. Nela, encontramos permissão para nos movimentar das formas mais criativas, inusitadas, genuínas e gostosas possíveis, sem julgamentos, sem ter que racionalizar o próximo movimento a ser feito.
Fotografia – Arnaldo Dantas
O que nós não sabemos é que quando isso acontece, quando realmente nos entregamos à música e à dança, algo pode acontecer também dentro de nós, inclusive a nível biológico.
Para ler a continuação do texto aguarde pela próxima publicação
da nossa nova coluna BioTrance!