Na cena gaúcha do psytrance é o retorno de um grande festival. Desde 2007 que eu ouvia rumores da cena psytrance do Rio Grande do Sul, de suas festas e festivais (desde o festival Indenpendence , para ser mais exato).
Lembro como se fosse hoje do primeiro festival que tive a oportunidade de registrar com minhas lentes no RS, em meados de 2012. Era 7 de junho, estávamos no ápice do inverno em meio a vastidão da serra gaúcha – no vilarejo de Criúva, data em que foi registrada a menor temperatura do ano. Pessoas dançavam, djs tocavam e todos confraternizavam em uma madrugada fria em que os termômetros marcavam -7º C.
Foi realmente uma experiência incrível, inesquecível, marcando para sempre na memória o que era um festival no Rio Grande do Sul. Era então a segunda edição do festival Origens Gathering, organizado pelo núcleo Vibetronic de Caxias do Sul. Muita arte, muita música e um clima muito familiar fez deste festival um marco na história dos festivais que pude presenciar. Com os anos o festival foi ganhando corpo e evoluindo, criando diversas áreas como cinema, tenda de cura, fomentando palestras, oficinas, incluindo bandas em seu palco alternativo, trazendo o que havia de melhor na cena alternativa do RS.
A última edição havia sido realizada em 2014. A chuva atrapalhou um pouco o festival, porém não fez com que o sonho dos integrantes da Vibetronic acabasse. Dois anos se passaram de lá para cá… Foram dois anos de muito estudo para o retorno do Festival, dois anos de evolução interna e os resultados foram bem nítidos. A edição de 2016, “Origens Gathering – Velhos ventos, Novos Tempos – Ano V” mostrou que um grupo unido e dedicado faz a diferença.
O festival aconteceu entre os dias 12 e 16 de Outubro, em São Francisco de Paula, no alto da Serra Gaúcha em torno de algumas barragens e lagos. O local era realmente muito lindo e a estrutura montada foi muito boa. Boas áreas de camping, um main floor montado no alto, com uma vista impressionante da serra e das lagoas, um chill out montado em meio às araucárias, no meio do caminho para o lago, uma lua cheia iluminando as noites do festival, deram um ar mágico ao festival.
Apesar da previsão apontar intensas chuvas, o clima ajudou dando pequenas pancadas e garoas até o domingo, com várias horas de sol e céu azul durante os dias. Muita organização e respeito, desde a portaria, translado até o festival, na recepção por parte do público. Ambientes bem definidos e organizados, como restaurante com preço acessível e comida saborosa, bar com preços dignos, diversas opções de lanches e muito investimento em cultura, tendo todos os dias atividades para crianças, cinema e apresentações diárias artísticas que ficaram por conta do Clã Aradia e Sarasvati Performance Art.
A parte da decoração das pistas teve o trabalho artístico e direção de Frani Adam da Daniki Arte Decor, contando com o tradalho dos artistas Peterpaints, Zé do Cogumelo, Lucas Paixão e Arte Astral. Destaque para a estrutura do chill out, da casa de cura e a decor viva utilizada no centro do main floor – painéis utilizando plantas para criar desenhos, além de uma iluminação interativa – o público podia ativar algumas luzes na pista por meio de fios esticados em cima do dance floor.
O line up foi bem diversificado apresentando artistas dos diversos estilos que compõe a cena trance, indo do clássico Goa, ao moderno High Tech. Alguns lives de destaque como Twelve Sessions, Paracozm, Klipsun, Impertinent, Tyamat e Alcohbata, entre outros diversos projetos e djs que se apresentam nos melhores festivais do Brasil e do mundo estiveram presentes.
Sorrisos, abraços, conversas, risadas… O clima perfeito do público, que me fez relembrar 2012, que me fez feliz por estar lá para poder registrar o que foi o festival. O Origens Gathering 2016, seus artistas e seu público deram aula, mostrando que o psytrance está muito vivo no RS, crescendo e ficando cada vez mais profissional nas mais diversas regiões do Brasil. Confira algumas fotos do “Origens Gathering – Velhos ventos, Novos Tempos – Ano V” pelas lentes da Mushpics Fotografia.