O surgimento do Goa Trance e o retorno à cena

O que representa Goa no quesito música, história e arte?

O criador do estilo permanece tocando e se apresentando ao redor do mundo

Goa é um estado da Índia, está ao norte de Maharashtra, a leste de Karnataka e ao sul da costa do mar da Arábia. Por sua beleza natural, aceitação de uso de drogas e grande apelo espiritual,  no final da década de 60s atraiu muitos hippies, artistas e  produtores, que levaram a esse paraíso asiático os discos de Acid Music, Psychedelic  Rock, Folk. Nessa época artistas como Bob Dylan  Pink Floyd, Frank Zappa ou  Jimi Hendrix começavam a serem ouvidos.

Em 69, Goa Gil (Gilbert Levey) chega dos Estados Unidos para a Índia. Em Goa,  fez parte de várias bandas até que  conheceu Ray Castle, um produtor musical e DJ vindo da Nova Zelândia, também com a intenção de conhecer mais a cultura e contribuir com seu trabalho. Após quase uma década de trabalho e muitas experiências eis que vem surgindo um novo conceito de musica, o Goa Trance.

Nos anos 80 o que predominava nas pistas de dança em Goa era o Techno e o EBM (Eletronic Body Music), que tinha por sua característica uma batida até “descompassada” da pra se dizer, com sintetizadores pesados,  reproduzindo “barulhos” de maquinas, engrenagens e ruídos de ferramentas como serra elétrica, furadeira e demais. Gêneros como Acid House e Electro,  não estava bem definido até então o fim dos anos 80.

No inicio dos anos 90, vem então a adaptação com influência da psicodelia do Rock e a batida do EBM, cria-se  um som mais orgânico com melodias alegres, o bumbo por sua vez mais baixo e com frequências sub baixo proeminentes. Tornando o som mais empolgante e a repetição dos elementos e o uso de  arpejos tornavam o som hipnótico, embalando a pista por horas e horas de festa, normalmente as faixas produzidas variavam entre 130 e 150 BPM (batida por minuto). Mas isso  não é uma regra, algumas tinham o ritmo mais baixo de 100 BPM e outras acima de até 160 BPM. Assim como a música se transforma, o local das festas também ganha outro cenário, sai dos clubes e locais fechados para festas ao ar livre, sob a luz da lua a beira de belos lagos e rios, era o palco do novo “ritual tribal” do século 21, segundo o próprio Goa Gil.

A cena acontecia em Goa, mas era dominada por estrangeiros. Os produtores vinham em massa pata expor seus trabalhos, buscar influência e fortalecer a ideologia. Não demorou muito para nomes como: Etnica, Asia, Astral Projection, Hallucinogen,  entre muitos outros se espalhassem pela Europa e pelo mundo.

Goa Full Moon talvez tenha sido a primeira festa do gênero conhecida por nós, a década de 90, foi então tomada pelo Goa Trance. Porém, no fim da década de  90, o Goa Trance perde força e da espaço ao Psytrance, novo gênero que vinha encantando os apreciadores da Psychedelic Music. Com mais tecnologia, a música se tornou mais mecânica e computadorizada, ampliando as possibilidades de produção com mais timbres e sintetizadores analógicos e digitais, dando espaço também à subgêneros como Progressive Trance, Full On e outros que vem surgindo em decorrência.

O retorno às raízes

Goa Gil em apresentação de 24h de set, em SC
Goa Gil em apresentação de 24h de set, em SC

O Goa Trance, que parecia ter desaparecido das pistas de dança e festivais, ressurge em 2007 com força. Produtores antigos lançam faixas remixadas, novos produtores surgem e com mais tecnologia: o que era bom fica ainda melhor, álbuns como VA- Pure Planet 2, VA twited Dreams, EP Transwave- Backfire, resgatam o Goa Trance na cena novamente.

A partir dai ganha cada vez mais espaço nos festivais pelo mundo. Talvez foi o tempo necessário para entender e assimilar realmente a mensagem da musica transcendental, pelo momento em que vivemos na nossa sociedade cada vez mais pessoas buscam na musica essa paz de espírito, e tal conectividade com o ser, eu mesmo levei muito tempo dentro da cena para apreciar e assimilar o Goa Trance!