Emergindo (ou como o psytrance voltou aos holofotes!)

Estamos vivendo tempos surpreendentes. Nossa geração está presenciando uma mudança de conceitos dentro da nossa sociedade que vinha sendo “profetizada” por diversas civilizações antigas e está cada vez mais evidente. Dentro de todas as evoluções está o começo da cena eletrônica que marcou para sempre uma das maiores descobertas da humanidade : a música. Por mais que ainda seja marginalizada por um percentual expressivo de pessoas, ela está presente em todos os lugares, os sintetizadores invadiram todas as esferas da sociedade e podem ser percebidos em todo tipo de produção musical. Dentro desse movimento cultural que revolucionou a música, temos o Psytrance na linha de frente da contra-cultura que questiona e quebra paradigmas de forma única, trazendo novas maneiras de enxergar a vida e seus variados sentidos. Vai ter textão, mas vai ser divertido, e no final, conseguirá entender como Você pode ajudar a cena nesse crescimento evidente.

Como tudo na vida é muito mais profundo e intenso do que aparenta, dentro do psytrance existem as camadas de entrega dos seus participantes que, de maneira controversa, dividi a cena em dois mundos, Mainstream (Corrente Principal) e Underground (Debaixo da superfície), esses dois mundos se subdividem novamente e infinitamente até a ponta mais visível e o fundo mais profundo dentro da própria cena… Sempre haverá um contexto mais underground e mais mainstream de qualquer comparação, mas não é sobre esse conflito que vamos falar nesse texto, é sobre como a evolução da cena ocorre aos poucos e de forma sútil, mas que deixa claro onde vai chegar inevitavelmente.

O primeiro personagem dessa história é o live israelense Vini Vici, poderia ser qualquer outro projeto musical mundialmente famoso que influenciou nessa emersão do psytrance ao redor do globo, mas a dupla tem um evolução simples e direta que fica mais didático de representar. Os artistas Aviram Saharai e Matan Kadosh já eram conhecidos no mundo inteiro pelo seu outro trabalho, o Sesto Sento; com a constante mudança do gosto musical do público e a necessidade de inovar, eles lançaram seu novo live em 2013, mas foi aos poucos, com algumas parcerias interessantes, como a participação na música Back Underground do Major7.

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Descrição : Lançamento da Back Underground em 24/12/2013

Em Abril do ano passado (2015), eles lançaram o seu primeiro álbum chamado “Future Classics” (Clássicos do Futuro) que foi aceito massivamente pela remessa de público mais nova que vem chegando todo ano dentro do psytrance, em especial a música “The Tribe” (A Tribo), que começou a mostrar até onde eles poderiam chegar, como podemos perceber nos links abaixo onde Armin Van Buuren toca a música no seu programa no Soundcloud e também no palco principal da Tomorrowland 2015. Nesse momento percebemos que vertentes do psytrance estavam evoluindo de uma maneira que o som se tornou ainda mais universal e amplo, abrangendo um público que desconhecia ou pior, tinha preconceito com o estilo psicodélico. (Independente da sua opinião sobre psicodélico, o significado da palavra no DICIONÁRIO é : Algo que simule o efeito de substâncias psicoativas, percebe o quanto isso é amplo?!) Foi a primeira vez que uma track da categoria psytrance (do Beatport) foi tocada no formato original no palco principal do festival que é referência da cena eletrônica mainstream.


Armin Van Buuren tocando “The Tribe” na Tomorrowland 2015

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Descrição : Álbum Future Classics em primeiro lugar no Beatport e no Psyshop.

Neste momento, temos nosso segundo personagem da história, o Hilight Tribe, grupo musical de Natural Trance, viria ao Brasil pela primeira vez para se apresentar na 13ª Edição do Universo Paralello, aproveitando esse gancho, os israelenses do Vini Vici produziram um remix da “Free Tibet”, uma música clássica do Hilight Tribe. Acredito que este remix tenha tocado todos os dias no maior festival do Brasil, por diversos artistas diferentes, em vários palcos. Nas semanas a seguir, a música estava sendo tocada por dezenas de artistas e eventos no mundo, o resultado disso? Eles alcançaram o SEGUNDO LUGAR no ranking geral do Beatport.


Free Tibet – Original mix

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Consegue mensurar o quanto isso foi inédito? A música atingiu a segunda posição entre estilos com um público consumidor massivo, conseguiram ser vistos por pessoas que simplesmente não se importavam com a aba “Psytrance” no Beatport. Isso pode ser visto como algo ruim por muitos, mas vamos tentar enxergar as coisas da melhor maneira possível ao invés de ser ranzinza e ficar se fazendo de malvadão da psicodelia. Como todos os movimentos culturais que já existiram, existem e existirão ainda, o Psytrance tem seu lado ruim e seu lado bom, porém, na minha opinião pessoal como frequentador e observador, acredito que tenha muito para agregar e até mesmo solucionar na sociedade que vivemos e sobrevivemos, expandir o conhecimento e agregar conteúdo!


Free Tibet pelo mundo

Os conceitos pregados, por mais que nem sempre praticados, são muito bons para o convívio, não só entre humanos, mas com todo o universo (mesmo!). Por mais que a cena seja invadida por bilhões de pessoas que não fazem ideia do que está acontecendo e vão explorar cada um da sua maneira, existem pontos deste movimento que dificilmente serão atingidos de forma tão agressiva por “exemplos civeís” da sociedade, como a Globo, da maneira que fazem com a Tomorrowland por exemplo. Duvida da força que a música eletrônica está criando? Eu exemplifico! A gravadora Som Livre acaba de lançar o selo “Austro”, especifico para focar nos sintetizadores (LOL). O Vini Vici foi apenas um personagem dentro de um contexto fácil de visualizar, eles fizeram algo inevitável e graças a isso podemos usar esta visualização toda a nosso favor. O público tende a crescer muito e cada vez mais pessoas vão querer participar deste movimento cultural que ainda vai mudar muito o estilo de vida do nosso planeta.

Agora que você chegou até o final deste texto, eu vou te responsabilizar por algo importante, assim como fiz a mim mesmo e faço a todos que converso a respeito. Você, VOCÊ MESMO, é responsável por fazer essa cena ficar cada vez mais rica de cultura e informação! Mesmo que seja novato, você tem o dever de buscar pessoas mais antigas do movimento para esclarecer suas dúvidas e, se for mais antigo, têm a obrigação de guiar os mais novos que vêm chegando para que agreguem cada vez mais e mais rápido, ao invés de tentar esconder o seu mundo mágico da psicodelia só para o seu umbigo. Tá nas tuas mãos, faça sua parte.