Veja a 1° entrega da coluna BioTrance aquí.
Essa entrega [à música e à dança] nos dá a chance de nos reconectar ao nosso corpo, dando a sua estrutura uma possibilidade de integração.
Vivemos numa sociedade doente, que se rege a partir de valores dissociativos e desintegradores, o que contamina também o nosso corpo e o nosso movimento.
A cultura nos diz que nosso corpo é feito de partes, que algumas não podem ser mostradas ou tocadas, que outras não devem se mexer muito, algumas sendo mais valorizadas que outras, o que resulta em uma série de bloqueios e traumas que se manifestam também em nossos movimentos, quando, na realidade, somos seres inteiros que não podem ser divididos.
Lucas Rodrigues Photograph
Dessa forma, a dança funciona como um instrumento de reconexão com estes 3 níveis de vinculação primordiais – consigo, com o outro e com a totalidade. Inicia-se, então, um processo de cura que influencia positivamente o nosso humor de forma endógena.
Endógeno quer dizer de dentro pra fora, o que significa que é possível atingir estados de alteração e expansão de consciência e inclusive entrar em transe sem o uso de qualquer substância externa ao nosso organismo.
Pode-se dizer, então, que o nosso organismo em sua perfeição é dotado de “elementos psicodélicos’’ por natureza e que, através da dança, todos nós temos o poder de acessá-los.
Por meio do transe endógeno integrador, o organismo é afetado de forma positiva e começa a trabalhar, ou melhor, se auto-regular, de maneira a transformar a sua estrutura.
Tudo isso pode ser vivenciado em um festival de Trance. É isso – esse sentimento de inteireza, liberdade, comunhão, alegria, prazer e vinculação – que nos move a participar, que nos toca e nos faz sair do conforto de nossas casas e percorrer longos trajetos para vivenciar, juntos, essa experiência transcendente que não encontramos em outro lugar.
Murilo Ganesh
É nesse ponto, entretanto, que está a verdadeira magia que um festival de trance pode oferecer para quem estiver aberto: compreender que esse lugar gerador de vida está em nós e que isso pode acontecer não importa aonde.
É esse o maior aprendizado, que é também um desafio: integrar à vida cotidiana todo o vivido, diminuir as diferenças de comportamento dentro e fora destes espaços, ser um agente transformador de realidades, fazer da própria vida também um ritual de celebração, um festival que não acaba. É aí que está o sentido do PLUR!
Embora seja bonito, nem sempre é fácil, pois, ao voltar para casa entramos novamente em contato com diversas influências negativas e geradoras de estresse que, se não tomarmos cuidado, podem nos contaminar novamente reproduzindo em nosso corpo os mesmos padrões de desintegração anteriores.
Por esse motivo é necessário que fiquemos vigilantes e que busquemos também outros jeitos de, rotineiramente, nos nutrir de forma a perpetuar esse estado transcendente de conexão e abundância.
Cada um tem a capacidade de buscar a melhor maneira para si de fazer isso. No meu caso, não encontrei maneira mais eficiente, completa e profunda que a Biodança.
Para ler a continuação do texto aguarde pela próxima publicação
da nossa coluna BioTrance!