Goa Gil é o pai fundador da cena Goa Trance, e sem ele para perpetuar o som exclusivo que é a marca registrada desse estilo hipnótico de música, essa forma de arte teria se dissipado há muito tempo … enterrada sob as areias do tempo.
Nesta entrevista, ele compartilha sua jornada e opiniões conosco!
Goa Gil (GG): Eu vim para a Índia no início de 1970 quando eu tinha 18 anos!! Fui para Goa, depois viajei pela Índia, encontrei meu Guruji em Caxemira, tirei o gurudiksha com ele e então eu vivi com “yoguis” para o Himalaia por vários anos. Eu costumava vir para Goa para o Natal todos os anos, para visitar todos os meus amigos que conheci na estrada, e as estações em Goa ficaram mais e mais longas… Quando eu fui pela primeira vez a Goa, havia apenas uma casa com estrangeiros em Anjuna. Era a casa do Eight Finger Eddie, e talvez vinte de nós, freaks, estivessem lá com ele!. As primeiras festas eram fogueiras na praia onde tocávamos guitarras, bateria, flautas, festas de lua cheia, etc., tudo surgiu disso. Mais tarde, nós conseguimos alguns equipamentos elétricos e começaram a acontecer jam-sessions e depois bandas…depois passou a festas de DJ com música Techno no início dos anos 80. Naquele momento, nós estávamos iniciando, sem saber, o caminho que o Goa ia percorrer!!
GG: toco muitos BPMs !!! Eu sempre tive o mesmo conceito: no começo eu começo em torno de 145 BPM e eu toco algumas músicas mais acessíveis, para pegar todo mundo e trazê-los para a história! Então, lentamente, sobe no ritmo durante a noite e no final da noite, fica bastante rápido, com um ambiente escuro e profundo!!!. Como muitas iniciações no mundo místico, nós atravessamos o escuro para vir à luz . Todos os momentos do dia têm um sentimento diferente…a noite, a madrugada, o amanhecer, a manhã, o meio dia, início da tarde e pôr-do-sol, todos têm sons diferentes para mim na minha narrativa. Eu organizo minha música de acordo com a minha narrativa, e a narrativa basicamente sempre foi a mesma, mas a música sempre muda, porque todos os anos eu tenho uma nova coleção! Eu não gosto de tocar uma faixa com mais de um ano de antiguidade, porque tenho quase o mesmo tour todos os anos, já que tenho círculos de amigos em todo o mundo, e graças a eles toquei por muitos anos, porque eles amam minha música. Eles me amam, e eles querem me trazer de volta ao seu lugar para tocar uma vez por ano, então eu realmente não quero tocar a mesma música que toquei no ano passado lá!!
GG: Claro, sempre se tratou disso ! Mesmo nos primeiros dias do Techno / Trance em Goa, sempre tivemos uma nova coleção de música a cada ano!! Nos primeiros anos, quando não havia música nova suficiente para a noite inteira, tocavamos alguns dos melhores tracks do ano anterior no início, e depois de um certo ponto, tocamos toda a música nova, o resto da noite até a manhã! Todos os anos a música mudou em Goa, e eu ainda faço o mesmo que sempre! Minhas festas (as que eu faço em Berlim, Califórnia ou muitos outros lugares do mundo), não são diferentes das festas nas quais eu toquei no Bamboo Forest ou Disco Valley no auge do Goa!!. Para mim, nada mudou, apenas a música continua mudando!. O ruim é que já não podemos fazer o mesmo tipo de festa na Índia. As festas de 24 horas não são mais possíveis na Índia, então dada a minha maneira particular de fazer as coisas nas festas, eu não posso fazer isso mais em Goa. O bom é que, em todas partes do mundo, eles têm um ótimo sistema de som, um palco massa para o DJ, a multidão geralmente é muito legal e você não precisa se preocupar com sua namorada sendo estuprada quando ela vai fazer xixi nos arbustos!!. Houve muitas coisas boas sobre o movimento que se ramifica em todo o mundo!! Agora eu posso ir fazer o meu e trazer o “Goa Spirit” para jovens de todo o mundo que não conseguem fazer todo o caminho necessário para chegar em Goa!!
jet-setting” que andavam com vinis e turn-tables era impossível, então todos que conheci viajavam e tocavam com cassetes!. Eu usei cassetes por muitos anos, mas então, quando DAT saiu, eu mudei para DAT porque a qualidade do som era muito melhor!!. Acredito que a qualidade de som do DAT é ainda melhor do que o CD. Ele possui um som mais analógico, é digital, e eles têm conversores digitais para analógicos dentro, e de alguma forma, em um sistema grande tem um som mais analógico, uma presença mais quente e mais baixo!
Você pode ler a entrevista em inglês aqui