Fui passear com a minha família. Eu, meu companheiro e minha filha acampamos na beira de uma lagoa espelho d’água, cercada por morros enormes e com um pôr-do-sol mágico.
Muitas famílias, amigos, gente sorrindo e se abraçando por toda parte. As crianças se divertiram na lagoa rasinha com bola, espaguete e colchão de ar e se fartaram em pic-nics flutuantes, debaixo do guarda-sol onde as mães ficavam olhando os pequenos e curtindo o sol e o som.
O som? Sim, tinha som. Eletrônico, de todas as vertentes, em quatro núcleos diferentes, decorados com muitas cores e amor em cada detalhe. Tinham pessoas de todas as tribos sentindo o som, compartilhando respeito mútuo e celebrando a vida desapegada dos paradigmas insanos impostos pelo sistema que corre a mil lá na cidade, onde a fumaça do engarrafamento nos impede de respirar.
Nos festivais de trance também se forma uma cidade, mas nessa as ruas eram de chão batido, separadas por corrimão de taquara; as casas eram de tecido, tal qual oca de índio; o banheiro era de madeira, com folhas de bananeira e pia de bambu; as aldeias eram de irmãos, uma verdadeira família, gente que parecia ter morado ali a vida inteira, trocando conversas e risadas com os vizinhos, na volta da fogueira, consagrando as medicinas da floresta, que curam, transformam e unem.
Uma cidade psicodélica, com estrutura, som e vibe de um verdadeiro festival, afinal, foi isso que aconteceu: um Festival de Trance!
Uma festa de 3 dias ininterruptos de Paz, Amor, União e Respeito a nós mesmos e da mesma forma à cultura da música eletrônica.
É a presença dela que diferencia uma rave de um Festival de Trance. Além da pista principal, também tem o Chill Out, o palco para refrescar o corpo e a mente, curtindo sons ambientais psicodélicos e variadas linhas da musicalidade underground.
Durante todo o festival de trance acontecem oficinas e exposições de arte, desde mandalas até brinquedos; Rodas de conversa e palestras, de multidimensionalidade à cuidados com o lixo do planeta; Conscientização para redução de danos; Teatro para crianças; Performances artísticas e circo.
E como se não bastasse isso, também há a Tenda de Cura, um espaço com vivências de expansão da consciência e honra às ancestralidades. Lá acontece yôga, meditação e reiki; fogo sagrado, roda de rapé e cantos indígenas; aromaterapia, atendimentos com cristais e massagem terapêutica.
Os eventos de trance sempre são realizados em picos mágicos. Lagoas, cachoeiras ou praias, montanhas, canyons ou florestas são os locais escolhidos. Assim, criamos uma conexão com a natureza.
Nessas vivências temos a chance de plantar nos nossos filhos a semente de um novo mundo. Um lugar onde o conceito de família é mais amplo, livre, cultural, consciente e universal.
O cenário perfeito de um final de semana em família, em todos os sentidos que essa palavra pode agregar. Silenciando muitas vozes levianas que julgam sem conhecer a vida e o coração de quem está lá. Que por outro lado estão apenas vivendo aquilo que acreditam, desde o público até os idealizadores do evento.
Meus domingos são assim e vão continuar sendo assim. Ou seja, família, amigos, muita vibe e o Trance que não para!
Porque essa é a nossa verdade, essa é a nossa essência.
Gratidão, Trance! Por todos os momentos que já passaram e por todos que ainda virão. Família da Nova Era!