Review Adhana Festival 2021 / 2022

Em sua edição de número 3 e última, segundo Marco, o Adhana teve 8 dias de chuva e sol também, mas a combinação propiciou uma quantidade de lama para raiveiro nenhum ficar limpinho. Entre os dias 26 de dezembro e 02 de janeiro de 2022, passando por cima de uma decisão de última hora de uma juíza que havia pedido o não acontecimento do evento, nossos representantes bateram no peito e decidiram não cancelar, afinal essa decisão veio a 15 dias da data do ínicio.

Pessoas de todos os cantos do Brasil e até mesmo de outros países se reuniram para o Adhana e infelizmente era inevitável que não tivessem casos de Covid, já que cerca de 5 mil pessoas aproximadamente, estavam circulando pelo festival, espalhadas e também aglomeradas em certas horas. Porém, ao contrário do que foi dito por aí, (Matéria) as medidas de segurança estavam sendo tomadas. Placas orientavam o uso de máscara em todos os locais do evento, álcool gel estava sempre disponível nos banheiros, e o comprovante de vacina foi exigido na entrada.

A Viagem até o Adhana Festival

A saída de Florianópolis foi no sábado, dia 25, com parada em Curitiba para dividir a viagem de 15 horas, no dia 26 sai de Curitiba de manhã. Após 9 horas de viagem cheguei em Lagoinha junto com uma chuva, que ficaria conosco todos os próximos dias. A luta foi armar a barraca de 28 quilos, subir com tudo no escuro e sozinha, até que passou um anjo que me ajudou, Thiago meu engenheiro, sem ele não teria sido possível.

Pouco depois minha parceira de aventura chegou, com os rangos, e no local que eu coloquei a barraca o sinal pegava maravilhoso, nesse dia já estávamos juntas na pista Tribos, a primeira a funcionar no dia 26. Porém eu fui dormir logo às 2h da manhã, exausta da viagem, e minha amiga dormiu até de bota porque “queimou a largada” se é que me entendem.

Diário das aventuras no festival

No dia 27, ainda me preservando, andei pelo evento reconhecendo os espaços, a Galeria de arte ainda estava sendo construída devido a um embargo do corpo de bombeiros que atrasou a obra, mas não a resistência do projeto @visionariom.art que arrasou com palestras, oficinas, live paints e até filmes durante algumas noites.

Um coletivo de artistas da nova era que trouxeram em suas telas, mirações psicodélicas que só podem ser canalizadas em estados não ordinários de consciência, ENOCS. Segundo @Taliamacaira, professora de artes visionárias, os adultos e crianças que tiveram a oportunidade de fazer as oficinas, ou mesmo apreciar as obras, certamente não serão os mesmos depois disso. A Arte tem uma importância tremenda na aprendizagem, pois provoca sinapses que somente o caos e interdisciplinaridade das formas e cores podem provocar. Neurocientistas em todo o mundo estudam e enaltecem a arte terapia. Vai Planeta o/.

Estreiando a pista

No dia 28 eu já estava disposta a dale na pista do Adhana, às 13:30 lá fomos nós, depois do banho de lagoa artificial matinal nosso de cada dia. Logo após, aconteceria live Paint dos artistas, Paulo Henrique, meu amado amigo que iniciou seu projeto @Fractalienart ainda morando aqui e casa na pandemia, com todo meu apoio e orgulho, ele levou sua arte em uma collab com a artista @corduliaink para a pista nesse dia e eu claro, fui junto curtir o som de Ital, o Chileno quebrou tudo enquanto os artistas pintavam nos cantos da pista e no palco, Talia dançava como se não houvesse amanhã e ainda pintava uma tela gigante.

Nesse mesmo dia a sequência de djs deu uma eletrocutada no nosso sistema, Volcano e Giuseppe em especial, mesmo com contratempos técnicos, bagunçaram bastante minha mente, não mais do que a apresentação de fogo que rolou no canto esquerdo durante o início da Madrugada.

Imagine um Deus do fogo, de dreads longos, rosto angelical e pintura de guerreiro no rosto, dominando o fogo com uma leveza e maestria de um nível sobrenatural. Gustavo Ollitta e sua parceira Peruana Lucero Ponce, fizeram o show mais lindo de fogo que eu já vi na minha vida. Teve um momento que eles fizeram um coração de fogo cada um, e o calor aqueceu todos que assistiam, aquilo foi tão mágico e simbólico, me fez sentir tão abençoada de estar ali, que me emocionei.

A tenda da Cura

Dia 29, a Galeria abriu os trabalhos e a tenda de Cura já estava atraindo mais e mais olhares. Nós participamos de um sound healing, e depois de uma vivência de ativação dos elementos no corpo, com o Xamã @Wilmer_nuevaera, essa foi muito legal e interativa. Fomos amassados, lavados e acariciados, mas isso em entre nós mesmos, fizemos um grupo de três pessoas e cada uma tinha que fazer os movimentos na pessoa do meio. Nos sentimos curadas e prontas para a pista mais um dia de Adhana.

Chegando lá conheci a Mavie, um mana de uns 22 anos no máximo, que me contou que participou de uma palestra para aprender a reconhecer os sinais que o corpo dá. Esse tipo de informação me aquecia o coração, porque a Tenda de cura leva para pessoas que nunca tiveram contato com esse tipo de conhecimento, importantes pontos de vista e autoconhecimento.

O clã do Sol se dedicou inteiramente ao trabalho no evento, nunca vi nenhum dos guardiões fora da área de cura, estavam totalmente entregues ao serviço. A frase que repetimos ao fim de algumas vivências ressoa demais comigo: Eu me comprometo com a minha cura, com a cura do outro, e com a cura do Planeta. Ahooooo!

O dia mais esperado do Adhana

O dia 30 para mim e para os amantes do Old school era o dia mais esperado do Adhana, nos preparamos para descer para a pista Savanah às 16:00 para ver 3 of Life, seguido de Avalon, Gms, Pixel, Tatha e Technology, que foram os que eu fiquei, porque queria ver a Pistelli e o D-nox na pista Ubuntu. Pixel surpreendeu tocando apenas sons novos, nenhum antigo, somente no projeto 3 of life e nos outros sets ouvimos tracks consagradas os famosos hinos do Trance, também conhecidos pelos novinhos ou pelos velhos chatos como Farofa ou chacota.

Os hinos têm o poder de nos teletransportar para as raves de 15 anos atrás, e nos arrancam lágrimas de emoção. Enjoy the silence e rounders foram os auges desse dia, ai meu coração. Não posso deixar de citar que a Tatha pegou a pista das mão do Pixel, e arregaçou mais ainda, não deixou a peteca cair, como disse minha amiga Lucineide, ela destruiu nossa cabeça. Faltou capacete pra tanta pedrada, e meu brother Fernando Technology, também desceu as brabas na galera, esse louco foi dia.

A virada

A madrugada do dia 31 chegou e depois de três horas de D-nox, e de ter perdido a Pistelli porque viajei que era dia 31 às 22;30. Peguei o finalzinho dela e o careca desde o início. Devo confessar que esperava um som mais pegado do D-nox, não só por conhecer ele das raves de mais de 10 anos atrás, mas principalmente por estarmos em um festival, o set foi bem atual e com estilo deep progressive orgânico com bastante loopings, ótimo para desacelerar e ir dormir com dever cumprido.

Durante o dia 31 o plano era se manter inteira para passar a virada plena, então lá fui para meu spa Aldeia outro mundo, tomar um sol e relaxar. No almoço conhecemos Lenitta, uma mãe que estava com as suas filhas e genros, ela relatou ter ficado muito mal de gripe e ter ido buscar atendimento na cidade. Nesse momento haviam pessoas usando máscara, não só os trabalhadores que estavam usando o tempo todo, mas sim, o público mesmo e aí entendi que estava rolando uma maré de gente adoecendo.

A pista teria Rinkadink das 16:00 às 18:00, mas depois teria break, então eu resolvi não descer durante a tarde, apenas me arrumar para a noite. Choveu mais nesse dia, começou a chover logo depois do almoço e só parou bem tarde, então o jeito foi dormir, acordei às 23:30, me arrumei cheia de roupas e fui pra pista, até tive que voltar porque exagerei na dose de roupas hahahah. O espetáculo do Eletric Universe estava lindo, com seu laser harp que sinceramente, eu ainda não entendi como pode sair som daquilo, mas vamos na fé.

A tenda e o público

A tenda estava coberta e fechada, então a chuva não atrapalhou, salvo pelo fato de que começou a inundar a pista e isso deixava tudo uma meleca. A capa de chuva foi um item muito útil e uma galocha também não era nada mal. Pensando nisso, Defo ou Marco ou os dois chamaram um tiozinho para vender galochas no dia 1, isso foi muito fofo da parte deles, confesso que já esperava algo do tipo porque ali o amor é compromisso.

A tenda do Festival Adhana era a mesma da última edição, só colocada um pouco mais alta, algo bem club e industrial. Diferente da Vibe mais orgânica que os festivaleiros roots estão acostumados. Combinando perfeitamente com a festa que tem um conceito bem comercial que demonstrou isso pelo público, visto que muitos lá não entendiam muito bem a essência da Rave e jogavam lixos no chão, muitos eram até mal educados. Esse foi um ponto negativo, algumas pessoas do público não eram exatamente o que esperamos ver nesse tipo de rolê.

Acho importante refutar previamente qualquer tipo de comentário com relação a preconceito ou aceitação de certos comportamentos, já reforçando que temos um propósito coletivo contra cultura nesse tipo de evento. O trance surgiu com valores muito sérios de melhorar o mundo e lutar contra coisas erradas que nos aprisionam e mantêm a ignorância. Para tal, todo festival tem projetos de redução de danos para orientar as pessoas sobre o que e como usar sem causar danos permanentes aos neurônios. Então amiguinhos se amem, se respeitem e respeitem festas familiares.

Os valores do festival

Sim, festa familiar, já que na Pista às 18h aparecia a galera do tô de bolhas, para embelezar ainda mais o ambiente com crianças e os lindos Ju, Wagner, Wainer e cia fazendo muitas bolhas gigantes, e convidando quem quisesse fazer também. Crianças são a luz do mundo, nossa esperança no futuro. A Patricia esposa do Marco convidou pessoalmente uma amiga minha que sempre leva o filho, Delciane e Erick foram convidados porque segundo ela, no último Adhana não foi permitido levar crianças e isso foi péssimo já que haviam comprado o ingresso. Então, como forma de retratação e cortesia ela foi chamada para comparecer dessa vez. Mais uma vez, a produção do Adhana mostra que valores são mais importante que preços.

O ano novo

O ano novo já raiava e quando eu já achava que não ia beijar ninguém, porque esse era meu primeiro festival solteira dos últimos 4 anos, isso era um evento importante Brasil. Eu passo pelo Chillas e cruzo meu olhar com um cara que vi dançando no dia anterior e achei incrível, mas não tinha reparado no rosto. Depois do meu banho pós virada, eu fiz um role mais solitário e deixei a minha amiga na pista. Encontrei ele por acaso e pFedi para me sentar do lado dele e conversamos por horas, ali começou alguma coisa que tenho segurança em dizer que vai continuar por algum tempo. Mas essa parte da história é bem pessoal.

Tudo isso para dizer que o ano novo me trouxe a manifestação do cara que eu havia desenhado na minha mente, que eu mentalizei e atrai pela consciência de fazer somente o bem, de me manter em alta vibração o tempo todo. Assim como eu atrai esse role três semanas antes de acontecer. Que essa magia não acabe, que nós possamos passar por mais essa onda e aprender o que ela vem nos ensinar.

Ainda bem que a gente tem a gente.

Fique por dentro dos próximos festivais que vão rolar no Brasil: clica aqui.

Créditos aos fotógrafos: 
Fabio Tintori
Bruno Camargo 
Leandro Quartiermeister

O texto representa a experiência e opinião pessoal da autora, não representando necessariamente a posição do Trance.
Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments