Mensagem do Portal: O texto a seguir é opinativo, e não necessariamente reflete a nossa visão.
Aho 2017
Depois de um ano super psicodélico, repleto de festas e festivais por todo o país pode-se dizer que temos sim uma nova cena Trance brasileira. Renovada – com um novo público jovem; e inovadora com eventos com propostas mais conscientes e preocupadas com o público.
E que assim seja!
Dando uma olhada pelos posts dos amigos trance, me deparo com o colega Clóvis indignado com os altos preços cobrados para se guardar o carro nos festivais. “Depois do soco do Anaychay de 80 reais o estacionamento, xingando o Adhana de 85 adiantados, apanhei agora com 130 mangos de estacionamento na hora”, reclama.
Nos comentários, Mitiel (organizador do evento) expõe sua opinião justificando que o valor é devido ao alto número de participantes. “Não apoio meterem a faca, mas você faria uma festa de 5 mil pessoas com um trampo do caramba por meses, pra não tirar nada? Um role de 200 pessoas daria pra fazer isso de boa, mas agora um festival de 5 dias na virada de ano pra mais de 5000 pessoas é muita responsabilidade”, justifica.
Eu até concordo com o Mitiel em relação ao empenho e ao trampo que é atender um número gigantesco de gente. No entanto festivais fora do país, mesmo que para inúmeras pessoas, como é o caso do Boom Festival (Portugal), Ozora (Hungria) e tantos outros, têm preços justos e mesmo assim não deixam de lucrar.
Que a crise existe todos nós sabemos, vivenciamos na pele todas as vezes que vamos ao mercado ou colocamos combustível e é por isso mesmo que festas e festivais têm que avaliar com muita cautela a relação de valores e custo benefício, para que o motivo do evento trance não seja só o lucro.
O público Trance tupiniquim possui poucos meios de comunicação comparados ao que existe na cena internacional. Geralmente os gastos são maiores que as despesas e o veículo vai deixando de existir.
Mas é claro que sempre existe a resistência. Temos sites e portais que ainda bem, nutrem os tranceiros de informações e novidades. A revista gaúcha Skot depois de algumas edições com um conteúdo de alto nível, passou por uma transformação e oferece edições guias de vivência dentro de um festival. Com informações básicas sobre o festival como: local, datas, praça de alimentação, área de camping, line up e programações culturais do evento. É um guia super útil para todo o participante de um festival e algo muito comum fora daqui. Vale a pena conferir!
Com certeza essa é a festa Trance mais underground da ilha da magia. Esse ano assim como nas edições anteriores, foi realizada na virada do ano, mas dessa vez na mágica praia do Moçambique, em Florianópolis-SC.
Com gerador, bioconstruções de bambu e muito empenho e força de vontade da organização esse evento lindo aconteceu mais uma vez. Aqui sim o lucro não foi o objetivo maior e sim a satisfação de comemorar entre amigos no meio da natureza.
Para participar do evento os organizadores pediram uma colaboração de 25 reais por pessoa via depósito bancário, esse valor foi revertido em custos com o aluguel do gerador, transporte, combustível e decoração. Todos foram avisados que não haveria venda e cada um deveria levar o que fosse consumir de casa.
O resultado foi lindo! Pessoas compartilhando bebidas, alimentos, a sombra do guarda-sol e muito amor. Um exemplo a ser seguido com certeza!
PLUR e vida longa a Ohmtrance. Aho!
Veja todas as fotos cobertas por Tati Stock:
Conversando com a DJ e colaboradora da revista Skot, Kelly Ferraz, ela me contou quais foram suas opiniões em relação ao Adhana festival, que aconteceu entre os dias 29 de dezembro e 2 de janeiro de 2017, em Rio Negrinho – SC.
Confira as fotos aqui!
Um show, na entrada os participantes recebiam um kit personalizado com CDs com compilações das gravadoras Nano Records e Dm7, um copo lindo de 500 ml, com o elefante, símbolo do festival estampado, adesivo e a afinal o produtor do evento tem longo histórico na cena com sua festa Progressive, que acontece em Curitiba-PR, na Park Art, e é conhecida por ser muito bem produzida e estruturada. Essa experiência contou muito na hora de montar o Adhana, que impecavelmente pensou em tudo que um festival precisa ter, e ainda mais.
Além dos bares na lateral da pista de ponta a ponta, opções de alimentação étnicas, almoço, lanches, porções, chuveiros quentes ou não, porque o calor era forte então a opção frio não era uma má ideia, 4 áreas de camping , denominadas de fogo, água ar e terra, os diferenciais foram as opções de recreação, escalada, tirolesa, passeio de carroça, trilhas, cachoeira, stand up e passeio de barco.
Palco savana com o tema africano de tribos indígenas, exibia rostos negros de aborígenes muito detalhadamente reproduzidos em tamanho extra big, bambus faziam a vez dos piercings dos personagem, e na noite do dia 31 as projeções davam um nó nos cérebros da galera. Show de lazeres também cortavam o céu da pista que mesmo com chuva, não esvaziou na virada. Para desacelerar um pouco no palco tribos a coisa era mais eclética, começaram com prog e fullon, passaram por funk com Murillo Mongelo do projeto Funk You (Curitiba), shows com bandas como Pedra Branca, além de reggae e outros estilos underground como Techno e Ghouse. Rica Amaral tocou na sexta feira no palco Tribos.
O espaço ofereceu nos dias 30 e 31 workshops de produção musical, oficinas de bambolê e bolhas de sabão gigante, respiração e yoga, agenciamento de carreiras, gravadoras, mídias e marketing, pintura, tecnologia e mercado audiovisual. A oficina de djing com Altruism, Element e Fabio leal foi algo inovador, além da roda de experiências e kundaline yoga.
Claro que sempre tem o lado ruim. A chuva deu o ar da graça todos o dias, as vezes pouco as vezes muito, o que levou a pista a tornar se um extenso chiqueiro, com aroma característico e tudo, mas festival sem lama, é algo raro, raríssimo. E os banhos de lama e tombos são um show a parte, quem se divertiu mesmo com isso foram as crianças, algumas iam para a pista principal com suas roupinhas de banho e protetores de ouvido, prontas para o mergulho divertido na lama.
Outro ponto um tanto quanto ruim, foram os preços, o estacionamento a 130 mangos assustou, sucos a 12 reais e milk shakes a 16 também deram algumas palpitações na galera.
A estrutura estava super organizada, com seguranças, ambulâncias 24 horas, mais de 200 artistas entre DJs e malabaristas, atrações israelenses e tantas outras.
Quando em outro festival, o seu investimento te deu tanto retorno? Além de muita cultura e arte, levaram para casa kit com CDs, bolsinha, revista e copo.
Adhana, significa imortalidade coragem e confiança e foi o nome escolhido para esse festival que nasceu no dia 29 de dezembro de 2016. Talvez seja esse o novo maior festival do Brasil além do UP, vamos ver.