O festival de Woodstock aconteceu em 1969 e estava preparado para receber 50.000 pessoas – mesmo assim, recebeu meio milhão de pessoas ao longo de 3 dias e tornou-se um dos eventos mais importantes na história dos movimentos de contracultura. A cultura de “Paz e Amor”, tão presente durante o festival, continuou sendo propagada mesmo após o fim do evento.
É importante lembrar o contexto em que isso aconteceu: em 1969, os Estados Unidos, assim como a União Soviética, passavam pelo auge da ambivalência geopolítica, com a Guerra Fria. Nesse mesmo contexto, os EUA e outros países financiavam a Guerra entre o Vietnã do Sul e o Vietnã do Norte, apoiado pela União Soviética e aliados. Assim, os jovens estadunidenses passaram a se incomodar ao perceber que perdiam familiares e amigos para uma guerra a que iam para matar estranhos e poderiam não voltar – logo, começaram a questionar o clima de rivalidade naturalizado pela Guerra Fria e suas consequências.
A contracultura cresceu durante os anos 60 e culminou em Woodstock, símbolo da resistência jovem ao momento político, expressa por meio de música, rock’n roll e substâncias como LSD e mescalina.
Infelizmente, os impactos sociais de Woodstock foram além da disseminação de uma cultura de paz e amor – o festival e sua “libertinagem”, considerando que o então presidente Nixon conduzia um governo muito conservador, foram o ponto de virada para a imposição de políticas proibicionistas muito rígidas, o que ficou conhecido como Guerra Às Drogas. Em 1971, Nixon chegou a declarar que “o abuso de drogas era o inimigo público número 1” e “para derrotar esse inimigo, é necessário empreender uma ofensiva irrestrita e sem precedentes”. Os EUA são a principal potência mundial e não demorou até que essa “ofensiva irrestrita e sem precedentes” chegasse a todos os lugares do mundo, mas mais a uns do que outros – já que a Guerra Às Drogas é guerra às pessoas que usam drogas e, ainda assim, mais a umas que a outras.