Mais de meia vida frequentando as pistas das mais diversas raves e festivais do país creio eu, foram suficientes pra me embasar em alguns conceitos próprios sobre essas qualidades que o nosso Psytrance mainstream vem perdendo, pois tais me conduziram por jornadas onde tive as melhores experiências musicais durante todo esse tempo.
Pra onde estão indo esses dois fundamentos da nossa tão querida música? Quando eu ligo a minha DAW (Programa de fazer música, no meu caso, Logic Pro) eu começo algumas sequências de batidas, efeitos e timbres compatíveis com os meus gostos. Só que algo logo de inicio me prende a atenção: Loop!
Quando eu consigo acertar belas sonoridades que me agradam, seleciono aquela parte e deixo em “loop”, ou seja, deixo aquele trecho repetindo infinitamente e ecoando pelo processo de propagação do universo até que eu defina as ideias principais pra compor aquela música.
É muito amor, pois eu ouço aquilo por horas! Amor? Sim, também, mas uma conclusão um pouco mais racional sobre isso seria: Transe e hipnose.
Essas “sensações” ou “estados da mente humana” são obtidos única e exclusivamente através da soma dessas duas técnicas que encontramos, não só mas, principalmente na música eletrônica: repetição e progressão.
Sim, a combinação desses fatores com bons timbres e sons bem equalizados, mixados e criativos causa esse doce e delicioso efeito do qual particularmente, eu dou extremo valor. Uma pista hipnotizada e em transe, pula menos e dança mais!
Você já deve ter visto diversos vídeos de festivais pela Europa ou pelo mundo, sim esses em que você sonha participar um dia e deve ter notado como segue o baile. Não há saltos, pulos, explosões no “front” ou aquela espera ansiosa e quase enfartante pela volta do break; e que culmina em confete, buzina e serpentina pelos próximos três ou quatro minutos até a próxima parada na estação seguinte. A principal, mais intensa e maravilhosa ação é a pura: Dança!
Fato é, que muitos produtores de Psy simplesmente vem abortando essa missão, que faz jus ao nome, TRANCE (se o seu inglês estiver calibrado vai saber que significa TRANSE) em busca da tão aclamada “agenda cheia” e de levar seu fiel publico ao delírio em micro doses fracionadas e racionadas de boas batidas, doses cavalares de drops e subidinhas que elevam até a estratosfera e muitos barulhos “não sérios”. Todos seguindo um mesmo padrão.
Uma pista hipnotizada cria consciência, se educa, olha pra dentro em surtos de introspecção que a faz descobrir o prazer de dançar, envolvendo todas as partes do seu corpo. Uma pista em transe evolui todo o sistema em uma “cena” realmente underground. Busca um prazer duradouro e gera respeito pra si, para o ambiente e pra todas as pessoas que estão nela. É mais do que um show, é um espetáculo. Provocar e estar em transe é uma arte!
Cedo ou tarde as pessoas vão ser conscientes disso tudo, até lá padeceremos ouvindo artistas sérios abrindo e fechando line ups ou nas festas PVT (private) que tanto adoramos. Na próxima coluna falarei sobre progressão. Valeu galera!