Uma pista em transe não pula, dança!

Mais de meia vida frequentando as pistas das mais diversas raves e festivais do país creio eu, foram suficientes pra me embasar em alguns conceitos próprios sobre essas qualidades que o nosso Psytrance mainstream vem perdendo, pois tais me conduziram por jornadas onde tive as melhores experiências musicais durante todo esse tempo.

psy1
Uma visão psicodélica Foto: Divulgação

Transe e Hipnose?

Pra onde estão indo esses dois fundamentos da nossa tão querida música? Quando eu ligo a minha DAW (Programa de fazer música, no meu caso, Logic Pro) eu começo algumas sequências de batidas, efeitos e timbres compatíveis com os meus gostos. Só que algo logo de inicio me prende a atenção: Loop!

Quando eu consigo acertar belas sonoridades que me agradam, seleciono aquela parte e deixo em “loop”, ou seja, deixo aquele trecho repetindo infinitamente e ecoando pelo processo de propagação do universo até que eu defina as ideias principais pra compor aquela música.

É muito amor, pois eu ouço aquilo por horas! Amor? Sim, também, mas uma conclusão um pouco mais racional sobre isso seria: Transe e hipnose.

Essas “sensações” ou “estados da mente humana” são obtidos única e exclusivamente através da soma dessas duas técnicas que encontramos, não só mas, principalmente na música eletrônica: repetição e progressão.

Repetição e progressão

13838094_10154317537627770_260606799_o
O programa de produção durante a criação de uma track Foto: Fábio Norck

Sim, a combinação desses fatores com bons timbres e sons bem equalizados, mixados e criativos causa esse doce e delicioso efeito do qual particularmente, eu dou extremo valor. Uma pista hipnotizada e em transe, pula menos e dança mais!

Você já deve ter visto diversos vídeos de festivais pela Europa ou pelo mundo, sim esses em que você sonha participar um dia e deve ter notado como segue o baile. Não há saltos, pulos, explosões no “front” ou aquela espera ansiosa e quase enfartante pela volta do break; e que culmina em confete, buzina e serpentina pelos próximos três ou quatro minutos até a próxima parada na estação seguinte. A principal, mais intensa e maravilhosa ação é a pura: Dança!

Fato é, que muitos produtores de Psy simplesmente vem abortando essa missão, que faz jus ao nome, TRANCE (se o seu inglês estiver calibrado vai saber que significa TRANSE) em busca da tão aclamada “agenda cheia” e de levar seu fiel publico ao delírio em micro doses fracionadas e racionadas de boas batidas, doses cavalares de drops e subidinhas que elevam até a estratosfera e muitos barulhos “não sérios”. Todos seguindo um mesmo padrão.

Em suma, em uma pista que pula, quem mais dança é o DJ

Uma pista hipnotizada cria consciência, se educa, olha pra dentro em surtos de introspecção que a faz descobrir o prazer de dançar, envolvendo todas as partes do seu corpo. Uma pista em transe evolui todo o sistema em uma “cena” realmente underground. Busca um prazer duradouro e  gera respeito pra si, para o ambiente e pra todas as pessoas que estão nela. É mais do que um show, é um espetáculo. Provocar e estar em transe é uma arte!

Cedo ou tarde as pessoas vão ser conscientes disso tudo, até lá padeceremos ouvindo artistas sérios abrindo e fechando line ups ou nas festas PVT (private) que tanto adoramos. Na próxima coluna falarei sobre progressão. Valeu galera!