Muito bem, pessoal! Observem a figura na carta. Esse rapaz faceiro aí será nosso personagem principal: O Louco.
O Louco é o descolado. É como uma criança no momento que nasce…ela nada sabe, ela nada teme, para ela tudo é novidade, tudo está ao seu alcance, assim é O Louco. Na imagem do Louco está a leveza do ser, ele segue solto o seu caminho, livre de qualquer tipo de amarras. Isso pode trazer inquietação e atividade, mas também mudanças para o que está estagnado. Ele é contrário à zona de conforto… na verdade, parece nem saber o que é isso. Na imagem da carta vê-se um cão (há versões com um gato) tentando chamar sua atenção para um abismo em sua frente, que ele nem percebe, pois está distraído olhando para outras coisas. Suas roupas estão puídas, mas ele não liga, pois está desprendido da matéria. A flor em sua mão simboliza a primavera, o desabrochar para uma nova realidade.
Em uma leitura psicológica, o Louco é um hiperativo, sofre de constante distúrbio de atenção, mas…para o Tarot, o Louco somos nós. Ele – desatento e desprendido do mundo a sua volta – é o nosso primeiro passo para um caminho desconhecido, para o acaso que nos leva além.
Simbolicamente o Louco segue seu caminho pronto para viver uma nova história, livre, sabendo que algo surpreendente poderá acontecer a cada momento e aceita esse fato sem pestanejar. Expressa também uma certa confusão, um deslize aqui, outro acolá… mas é protegido pela sua inconsequência.
Outro significado que encontramos nessa figura é de alguém que sai em uma busca, como um desejo oculto que de repente extravasa, que sai atrás de algo que estava sufocado há muito tempo. Essa carta fala da espontaneidade, em viver a vida nua, como ela se apresenta. E aceitar que você será sempre um aprendiz.
Há muitas formas esotéricas de interpretação, mas seguiremos aqui a ideia de que o Louco é o protagonista de uma história, e que os Arcanos Maiores representam o caminho que o Louco percorrerá através dos principais arquétipos humanos e dos grandes mistérios da vida. Chamamos esse caminho de “A Jornada do Louco”.
Simples! O personagem aqui é a mais clara e simbólica descrição da alma do “Tranceiro” ou “Trancer”, como alguns gostam de chamar. Sua bagagem é leve, mas sua vibração, gigante. Alguém que aparentemente não tem necessidade de se apegar à nada, ele transcende a matéria… mas, carrega consigo uma determinação e uma energia para desenvolver qualquer tipo de arte, seja para si – como meio de sobrevivência – seja para alimentar o espirito de um grupo.
Liberto dos domínios do ego, mais longe ele irá. Mesmo que isso pareça distante de seus conhecimentos; sua liberdade e aceitação faz com que, no âmago de sua essência, repouse esse profundo desejo de ir além do que ele é. Nada mais o prende, nem mesmo o próprio “eu”, já que, aparentemente, ele desconhece o significado de sua existência e inconscientemente busca por isso. Assim como vemos na estampa da carta, ele parece não ver o abismo que o cão – representando nesse caso, sua consciência lhe avisando dos limites de sua própria natureza – tenta desesperadamente alertá-lo, ignorando-o.
Nessa vasta mistura de mundos, à distância de valores que lhe foram impostos, instintivamente nosso Louco percorre caminhos e acaba por encontrar outros seres que, tão loucos e livres como ele, estão abertos e puros para absorver novos ares, as artes, os prazeres e uma miscelânea de conhecimentos que estão infinitamente disponíveis para quem se dispõe a seguir sem medo a sua “Jornada do Louco”.
Portanto, caros leitores, assim como fiz agora com a carta do Louco, convido a todos para juntos analisarmos os próximos passos do nosso “Louco” no vasto mundo do Trance, nessa incrível jornada dos 22 Arcanos Maiores do Tarot.
E a pergunta é: Em quais momentos desse caminho você se identificará?