Sua primeira festa psytrance foi em 99, três anos depois em 2001, Vantuir Balt Ferreira o “Tuisc” começou a organizar suas primeiras festas: “Amigos all day long” e “Psyrras trance”, em Santa Catarina. Os projetos seguiram até 2007. Agora quase uma década após tudo isso, Tuisc percorreu alguns dos mais consagrados festivais europeus: Boom festival 2014 (Portugal), Ozora 2015 (Hungria), Summer Never Ends 2015 (Suiça), Own Spirit Festival 2015 (Barcelona) e conta em primeira mão para o Portal Trance como foram essas experiências.
Pode descrever cada um deles e suas maiores diferenças?
O Boom festival foi uma experiência única em muitos sentidos, totalmente aconselhável. Em 2014 foram 50mil pessoas, já em 2015 só venderam 33 mil ingressos para que não fosse tão massivo. Musicalmente absurdo! Sistema de som funcionando perfeito todos os dias, line up impecável em todas as quatro pistas. Me chamou a atenção Hypogeo, Pspiralife, Kaya Project e Irina Mikaelova, e Gaudi. Representando o Brasil estava Thata e Burning Noise.
O Ozora recebeu 40mil pessoas. Muito evoluído nas estruturas do festival feitas em madeira, como as praças de alimentação e o mirador. Galeria de arte, chill out, pista dragão, onde o próprio dragão era uma passagem para a área healing, a área do workshops, quase tudo no festival construído de maneira sustentável, estrutura e arquitetura incrível. Apesar de que os dias de festival estavam 43 graus, e no Ozora não tem nem lago nem rio, a única coisa que refresca é a água dos bombeiros. O line up bom, porém a sistema de som apresentou vários problemas no main floor, várias vezes ao dia, decepcionante o técnico de som. Merece meus parabéns a primeira apresentação da banda do produtor suíço AJJA, sua estréia foi nada menos que histórica. Novelty Engine levou ao palco a respeitada formação reggae The Congos de Jamaica, Cedric Myton e R.Zee Jackson nos vocais, com Ajja na guitarra, nos keyboards nada menos que Dick Trevor e Ott. Oito dinossauros da música em uma banda, misturando o Psytrance e Reggae, brilhante! Kalya Scintilla, Merkaba e Haluccinogen In Dub na minha união também foi muito bom. Summer never ends reuniu 10mil pessoas, localização incrível, pleno Alpes suíços em meio a rios e pequenas cachoeiras, estrutura absurda, decoração muito foda, e sistema de luz, Mappin e lasers de outro mundo…tudo muito lindo porém choveu três dos cinco dias e em pleno verão, pela noite a temperatura chegava a zero grau. Destaque para os lives de HighLightTribe, Zentura e representando bem o Brasil, Nargun e OnionBrain.
Own spirit festival, reuniu 2mil pessoas. Foi o primeiro festival da cena Barcelonesa depois de muitos anos de tentativas falidas. Pequeno e diferente de todos os anteriores, porém para mim uma experiência muito enriquecedora. “Buena energia”, dias lindos de sol, local muito verde encima das montanhas e muitos DJs sets e lives da cena nacional da Espanha como Lupin e o live internacional Urecken. No line up também um brasileiro que mora em Madrid, DJ Biofa completaram os tops. Com pouco fizeram um festival original Trance roots bem organizado, com a diferença dos outros três que são enormes e comerciais comparando com este.
Do que viu nos festivais fora do país e de suas experiências no Brasil, o que se iguala e o que se contrasta?
Na real só conheço os festivais do sul do Brasil, e de 10 anos atrás, então não posso opinar sobre uma cena que já não conheço. Mas imagino que a principal diferença é a quantidade de gente de outros países nos festivais da Europa. Por exemplo no Boom eram 80 nacionalidades diferentes no Ozora 75, no Summer never ends mais de 60 nacionalidades, isso torna um festival multo interessante.
Dos festivais que esteve, qual foi o melhor e porquê?
Cem por cento o Boom, pelo local, aquele lago é incrível. Sem falar na energia da galera e da organização que pensa em quase tudo pelo bem estar do público e de maneira que respeita a natureza e o planeta.
Como eram os custos tanto em relação a ingresso quanto a alimentação e compras dentro dos eventos?
Barato se você recebe em euros como é meu caso, mas imagino que em reais, sai carinho (pra minha realidade, quem sabe, pra muitos seja barato igualmente) exemplo a entrada do Boom custa 130 euros, porém são 10 dias de camping. A comida la dentro você come bem 3 x ao dia com 30 euros. A água é de graça, cerveja 1euro comparando com a Europa, os preços no Boom são baratos. No Ozora mais barato ainda, a entrada custa 70 euros, para comer se gasta em torno de 20 euros ao dia. No Summer Never Ends tudo muda, já que estamos na Suíça, só a entrada já era quase 200euros. Os preços la também são caros, mas é justificável pelo gasto com local e estrutura. O festival é no meio do maior parque natural e mais protegido dos Alpes suíços. Já o Own Spirit Festival é o mais barato de todos, são cinco dias de camping e acabo de pagar 40 euros para o ano que vem.
O que te chamou mais a atenção nos festivais fora do país?
O que mais me chamou a atenção foi a liberdade, a energia da galera, e a rota de festivais que existe aqui de maio a setembro pelos países europeus (todos muito próximos um do outro), incrível, cinco meses de festivais sem parar, e um melhor que o outro.
Tem planos de voltar aos festivais que esteve? Recomenda?
Planos de voltar ao Boom Sempre que puder, 2016 estarei lá. O Own Spirit Festival de Barcelona também, porque é o festival da cidade que moro a quase 10 anos e tenho amigos envolvidos e me sinto também parte da história deste festival. muito Mas no geral, prefiro ir a outros festivais em outros países e assim sempre estar conhecendo festivais, lugares e pessoas diferentes, do que voltar a visitar festivais que já estive.
Vc tem algum festival que ainda não foi e sonha em estar? Qual e porquê?
Agora quero muito ir no PsyFi Festival na Holanda e no Modem Festival na Croacia, ouvi falar muito bem de ambos. Os lugares são únicos, o Psyfi é no meio de vários lagos e tem até um Coffe Shop dentro do próprio festival. Já o Modem é em um dos parques naturais mais lindos da Europa, um lugar cheio de cachoeiras e rios de água azul incomparável.
Mas o sonho fica com o Burning Man que apesar de não ser Trance, a experiência deve ser única no deserto americano.