A impronta do “Bruno Sobrenome”, idealizador da Nhanderu Artes, é inconfundível. Conhecido especialmente pelas suas criações integradas ao ecosistema, utilizando elementos naturais, seu trabalho se supera na boca de todo mundo que tem a oportunidade de contemplá-lo de perto. Nessa oportunidade, o Bruno nos conta sobre seus inicios e sua transformação, desde artista de rua até idealizador dos palcos orgânicos mais originais da cena. Sustentabilidade criativa, trabalho de alta qualidade!
Bruno Sobrenome (BS): Trabalho com uma equipe, mas os projetos são todos idealizados por mim, que sou de Paraná.
Entheogen Fotografia Alternativa
BS: A arte sempre esteve presente na minha vida, quando criança meu avô desenhava pra mim, isso me encantava e decidi que queria aprender a desenhar.
Rafote
Mushpic | Galhos, barro, palha, reboco e bambu
Passei boa parte da minha infância e adolescência desenhando mas nunca fiz nenhum curso, nunca consegui me adaptar ao sistema de ensino.
Mushpic
Entheogen Fotografia Alternativa | Mappig: VJ Bang (leia a entrevista a um dos Vjs mais reconhecidos da cena aqui)
BS: Meu primeiro contato com a cenografia foi dando auxilio em alguns trabalhos da Arte Astral.
Nesse meio tempo trabalhava com arte de rua, estudava artes plásticas em um ateliê improvisado na garagem de casa, até que chegou um momento que deixei a arte de rua e resolvi me dedicar unicamente as artes plásticas, permacultura e cenografia. Foi um processo natural de muito trabalho e estudo.
Logo que comecei a trabalhar independentemente, tive apoio de uma produtora de Santa Catarina, L3 Produções .
Rafote
Já no meu primeiro contato com um festival percebi que queria contribuir para aquela história.
Senti que aquele ambiente era propicio para arte porque as pessoas estavam abertas a receber informação e que aquilo iria talvez influenciar o futuro, pois era um ambiente que a arte falava livremente sobre profecias, deuses, alienígenas, ancestralidade.
Rootts Arte e Cultura
A partir disso refleti onde eu me encaixaria nisso tudo e comecei levar a serio meus estudos em desenho, escultura, cenografia e bioconstrução até desenvolver minha própria identidade.
Rootts Arte e Cultura
Sempre fui autodidata, no inicio era bem difícil, ia só pelo material. Fazia tudo no improviso, não tinha nem grana pra ferramenta, já cheguei até mesmo pagar pra trabalhar, só pra poder mostrar meu trabalho.
Rootts Arte e Cultura
Tive apoio do meu irmão e do meu primo que tinha uma Kombi e levavam minhas esculturas pros festivais, mas ninguém ganhava nada, era só entrada e as vezes uma consumação. Quando voltava dos festivais tinha que ir pro semáforo trabalhar pra poder pagar o aluguel. Com muito esforço fui ganhando espaço no mercado e sendo mais valorizado.
Rootts Arte e Cultura
BS: Não sei quantos exatamente mas entre 40 e 50
Entheogen Fotografia Alternativa | Barro, palha, bambu, tela, jatu e pinha
BS: Tenho muitas inspirações que vai além da cenografia e dos festivais como Pablo Amaringo, Allan More, Broll Jhow, TIM Burton, Moebius.
Rafael Atz
BS: De uma semana a 15 dias de processo criativo no local em tempo integral, faça chuva ou faça sol. Isso sem contar o desenvolvimento do projeto em casa que leva em torno de uma semana pra criação de maquete, planilhas de custos de materiais, logística da equipe, etc.
Matias Allendes Medeiros – Psyshoots
Investimos em estudos, ferramentas, manutenção do veiculo e damos sempre o melhor, esperamos o mínimo de dignidade para trabalhar.
Mushpic | Colchão velho
BS: Espero que a cena cada vez prospere em diversidade de arte, que tenha mais artes visuais, teatro, dança, galerias, instalações, vídeo maping mas sem perder a qualidade das artes sonoras. Espero também que os produtores parem de achar que só porque vem de fora é ‘’melhor’’. Tem sim muita coisa boa vindo de outras partes do mundo, mas também temos ai um produto nacional de alta qualidade que merece seu devido valor.
BS: Aprimorar nosso trabalho focando mais na permacultura, no orgânico, na reciclagem e na redução de consumo, construir trabalhos fixos que possam ter uma utilidade para o dono do local após o evento. Que possamos cada vez mais desenvolver técnicas que permitam uma utilização consciente dos recursos do planeta, pois tudo que cresce e que não é sustentável não vai progredir nesse Novo Tempo. A cena cresce mais a cada dia e é necessário se mantermos atentos ao rumo dessa história.