Origens Gathering soa forte entre a galera quando o papo é sobre melhores festivais psicodélicos no sul do pais. Apesar de que muita gente acredita que é um festival novo, a boa reputação do evento se forjou ao calor de anos de resiliência no underground, amizade e muito trabalho em equipe.
A edição de 2018 foi um antes e um depois na história do festival. O apoio de quase 2000 pessoas empurrou a crew a se reinventar e se expandir para lidar com os compromissos e desafios da sua nova proporção. Na eminência da sua sétima edição, a produção promete uma série de melhorias e inovações.
Nessa matéria, vamos viajar ao começo da construção do Origens Gathering e ver um resumo do que vai rolar em 2019! Bora lá? 🙂
Antes de começar, vale a pena relembrar que os ingressos já estão no 3° lote e que a produção do festival avisou que serão limitados.
O evento, na minha opinião, se caracteriza por ter um preço justo em relação à qualidade da programação (lembrando que o lote promocional era R$ 90). Esse ano a galera foi ainda mais longe e junto com o Elementorum Festival (PR), criaram uma parceria que garantia um desconto inédito para curtir aquele carnaval psicodélico estendido. Grande salve para as parcerias psicodélicas que ajudam a nos reunir!
Deixo aqui os links do que ainda está rolando na Feira Mix do portal:
? INGRESSOS:
➡ 3° LOTE INDIVIDUAL
➡ 3° LOTE DUPLO
Há 12 – 13 anos, o Trance começava a dar os seus primeiros passos na serra gaúcha. Por aquela época, a música eletrônica psicodélica se movia com dificuldade pelo Rio Grande do Sul, onde a cena comercial dominava. O movimento podia ser pequeno, mas o Trance era carregado dentro dos corpos corretos. Depois de tudo, toda mudança nasce de corações obstinados.
Nesse contexto, surgia a Vibetronic, uma crew que organizou pequenas festas entre 2006-2010, e que seria o primeiro broto de um organismo que hoje conhecemos como Origens Gathering. “Nossa vibe sempre foi o underground, e realmente não tínhamos referências profissionais locais para nos inspirarmos em como fazer as coisas (…) Por muitos anos, fizemos diversas experiências até saber quem éramos dentro do movimento. E quase desistimos depois de alguns eventos que tiveram um grande déficit econômico.” – comenta Alex Carvalho, Dj de chill out e um dos idealizadores do festival.
Cinco anos depois da primeira tentativa, a história teria um ponto de inflexão. Em 2011, parte da crew lembra ter estado reunida numa “vivência simples entre amigos” e ter sentido uma “reconexão com o verdadeiro propósito”, quando se questionaram por que estavam ali há tanto tempo e como iriam se alinhar para atender o chamado que sentiam para criar algo novo.
Edição #5 – Origens Gathering, 2016
Assim nascia o Origens Festival, e representou a primeira experiência da galera criando um evento de 4 dias. Tratava-se de um festival multicultural que durou até 2014, e que se bem tinha algumas características que se mantém até hoje (como uma pista alternativa, oficinas, etc), não tinha o Trance como investimento principal.
A partir de 2016, e depois 2 anos de pausa, o Origens Gathering aterrizava pela primeira vez, anunciando um novo formato, agora sim programado para fortalecer a cultura psicodélica do sul. Mas a nova rota precisou de mais uma calibragem minuciosa, e outros 2 anos foram necessários para que em 2018, o Origens Gathering desabrochasse.
Edição #6 – Origens Gahtering 2018
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▶ CONFIRA AQUI A RESENHA DO ORIGENS GATHERING 2018
Dizem que o sucesso é como um iceberg: você só vê a ponta (o resultado), e não o bloco de gelo inteiro (o esforço). Tantos anos de trabalho de formiga no underground ganharam o respeito do público, que em 2018 os apoiou como nunca. A confiança das quase 2000 pessoas que compraram o ingresso para a sexta edição, se materializou no primeiro Sold Out do festival.
“Como assim sold out?”
A crew não esperava tanta gente. O festival, nascido no berço do underground gaúcho, pequeno e desafiante, não imaginou que ali começaria uma nova etapa: assumir seu novo tamanho. Origens Gathering era agora um festival de porte médio. Decorrente disso, aconteceram alguns contra-tempos durante o evento (como uma falta de água nas duchas no último dia), mas o peso de mais de uma década de resiliência como produtores/as e amigos/as falou mais alto. O trabalho coletivo para pilotar a nave foi sólido, e o festival acabou com um desfile de elogios no muro do evento (aqui) e promessas de voltar na próxima edição.
E as promessas foram bilaterais, e a crew prometeu que o Origens Gathering voltaria ainda mais forte…
Um das características do Origens Gathering é ser produzido por um uma crew bem diversa. Quando você fica sabendo que a gestão do mainfloor, ficará por conta de uma das energias femininas do time, a Amanda Rovere (além de uma das idealizadoras do festival, também é Djane de Dark Forest – Bhooteshwara Records & Visionary Shamanics Records), você imagina que o investimento com line up será pesado!
Se liga:
É claro que a vinda dos gregos Confo, Tromo e Orestis, foi muito aclamada pelos amantes do som noturno! Porém a produção pontualiza que a pista do Origens Gathering celebrará todas as vertentes do Trance, respeitando um aumento progressivo das bpm conforme avança a noite. Aquele esquema que já a gente já conhece: a vibe do Psychedelic e do Progressive animará a pista durante a metade da manhã até o fim de tarde, e a bruxaria chegará junto com a noite, acelerando do Dark, do Forest até o Hitech, já nas primeiras horas da manhã.
Só se organizar que tem para todos os gostos 😉
Tromo no Mundo de Oz 2018
As projeção mapeada está ganhando cada vez mais importância dentro dos festivais e o Origens Gathering não pretende ser a exceção. Par esta edição, convocaram a chilena Vj Nazer, cujo trabalho está ficando mais conhecido no Brasil, desde a sua atuação no palco do Pulsar Festival 2018 (além da experiência em Chile, ela também já se apresentou em outros países, como Ozora 1 Day – México, Thunupa- Bolivia e Solar – Perú).
As famosas “Laranjinhas” da Power Bass estarão amplificando o som da Sensorial Stage. Conhecidas pela sua ótima qualidade, sempre achei que o pequeno tamanho do sistema não da pistas sobre quanto o grave fica com força e definição nos subs das Band Pass Horn, mas quem já ouvi, já sabe!
Com a junção do Chill Out e do Cinema Origens, que por muitas edições eram espaços separados, o Simbiose parece ter surgido para criar uma experiência sensorial completa, misturando a música com as artes visuais (cinema, projeções, intervenções, etc).
E novamente, quanto mais mergulho nos detalhes da organização do Origens Gathering, mais percebo o peso e valor de um time multidisciplinar, composto por pessoas com interesses diversos.
Neste contexto, um dos coordenadores da pista alternativa, o Matheus Mendes, explicava: “Mesmo com algumas exceções, normalmente chill out bem feito é o reflexo de um festival bem organizado. É um sinal de que foi dada a devida importância, atenção e carinho que o espaço merece. Festivais bem conceituados tem ótimos chill outs, bem cuidados e funcionais. E é dessa forma que vejo o Simbiose Stage dentro do Origens, como um pilar super importante de um festival de longa data (…) Do dançante ao relaxante, do étnico circense ao tribal, do psychill ao bass music, a pista Simbiose vai além da música. Roda de poesias, intervenções artísticas, uma seleção de filmes de conceito psicodélico e surrealista vão se sincronizar com o momento e horário”.
Nos conta também que este ano a pista Simbiose contará com uma sessão especial do Coletivo Boikot (Recife) e projeções do Vj Intravisiom.
Pela terceira vez, o festival será celebrado na Rota Das Barragens – São Francisco de Paula (RS). Antiga terra de índios Cáaguas, o local pertence a um bioma conhecido como “Pampas” (uma palavra de origem quíchua/aimara, que significa “planície”). Sendo assim, há grandes áreas caracterizadas por gramíneas (grama), plantas rasteiras, arbustos e pequenas árvores, que nos asseguram aquele merecido descanso na sombra pós-baile!
Vinte minutos de trilha nos separam do Rio Barragem do Blang, que além de nos presentear com um pôr do sol maravilhoso visto desde o mainfloor, as suas águas são aptas para tomar banho! Próximo delas, tem um entorno ideal para piqueniques, meditação e caminhadas pelo mato.
A produção alerta especialmente sobre não jogar qualquer tipo de resíduo que comprometa a vida das milhares de espécies que o rio sustenta. E nesse sentido, nos avisam para CUIDAR especialmente BITUCAS, PLÁSTICOS e MICRO-PLÁSTICOS, não tomar banho nem lavar a louça usando PRODUTOS QUÍMICOS, como SHAMPOO, CREMES, DETERGENTES, etc.
É fato, galera: poder ter acesso e tomar banho de rio dentro do festival, é um luxo! Bora fazer valer o P.L.U.R e preservá-lo! ❤️
Por mais que ainda seja verão e nas datas previstas é para ter um ótimo clima (o ano passado foi incrível!), sem chuva, com dias ensolarados e noites temperadas, é sempre bom respeitar a energia do sul. Quem já teve aventuras mau preparado/a por lá, conhece bem quanto a inclemência climática pode estragar o rolé. Para mim, ir para um festival na serras do sul é sinônimo de levar um par de botas, uma calça cumprida e um casaco para chuva.
A proposta de criar uma Escola de Cura e um Núcleo de Formação de Terapeutas durante o festival, é a inovação mais forte da sétima edição do Origens Gathering e abre potencialmente um novo caminho para as terapias alternativas dentro do formato de um festival.
Se trata de uma parceria com o Núcleo Renascer, coordenado por Diego Marçal e Letícia Marafon. O pessoal conta que, inicialmente, queriam montar uma equipe de 8 terapeutas holísticos, mas acharam pouca gente. As dúvidas sobre quem mais seriam as pessoas certas e comprometidas para esta missão, os fez pensar na possibilidade de formar pessoas, no marco de um curso com certificação.
Diante a pergunta de qual é a expectativa com esta escola, o pessoal faz ênfase sobre os desafios de trabalhar a espiritualidade dentro de um festival de música eletrônica alternativa, com uma abordagem seria e responsável. Neste sentido, comentavam: “Não pode ter improvisação na Tenda de Cura. Um terapeuta, dentro do Trance, deve estar preparado para lidar com vários tipos de demandas energéticas, porque pode receber muita gente com diferentes níveis de alteração de consciência (…) É preciso padronizar as abordagens, ter uma postura muito clara e experiente. Depois de tudo, você atuará como um canal energético e de você pode depender que a pessoa tenha uma vivência enriquecedora ou que seu estado piore.”
A Escola de Cura oferecerá uma formação dividida em 4 módulos:
1 – Reiki;
2- Masoterapia
3- Yoga e Respiração
4- Medicinas da Floresta.
O pessoal abraçou demais a proposta e as vagas voaram nas primeiras horas. Porém os encontros serão abertos para ouvintes também (mas só quem está comprometido/a integralmente com a capacitação, poderá obter a sua certificação).
Uma vez montada o espaço de cura, ele receberá a escola durante o período da manhã e pela tarde estará aberto para atendimentos e vivências, como yoga, acupuntura, reiki, rapé, cristalterapia, entre outras.
Assim como na edição passada, o pessoal de Surya Ecoart, um dos coletivos pioneiros em decoração e bioconstrução psicodélica no Brasil, ficará encarregado pela montagem da cenografia.
Origens Gahtering, 2018. Tenda: Surya Ecoart; Palco: Djalus
Ambos projetos já participaram do ciclo de entrevistas com decoradores e bioconstrutores piscodélicos:
A programação performática será bem variada. O mainfloor receberá a clássica pirofagia noturna que tudo mundo adora; as acrobacias chegarão novamente na pista com apresentações em tecido aéreo, trapézio e bambolé; a dança ritualística se fará presente mais uma vez; as novidades serão o contorcionismo e pirofagia. Nada mau para 3 dias de festival!!
Confiram o que rolou o ano passado:
Trapézio (Dani Cantelli); pirofagia (Camalearte); dança ritualística (Ana Nase); tecido e aros (Vini Cirque) na edição passada.
Assim como na edição anterior, o festival estará comprometido com o gerenciamento dos resíduos que produz, numa parceria com o grupo Fora?, que também se encarregará da educação ambiental. Será montada uma equipe de 12 pessoas, que farão turnos durante todo o evento.
A produção informa que Fora? estará lá para monitorar a separação dos resíduos, ministrar rodas de conversa, para promover mais consciência sobre o impacto ambiental e entendimento da cadeia entre a produção e o descarte dos materiais.
Da parte do festival, o Origens Gathering avisa: “Somos um festival pista limpa, e precisamos do compromisso de todos e todas para continuar sendo! O fato de ter uma equipe encarregada do gerenciamento de resíduos e da educação ambiental, não exime você da responsabilidade de assegurar o destino adequado do seu próprio lixo. Colabore procurando as lixeiras de descarte seletivo”
O Espaço Kids contará com diversas atividades, dentre as quais destaco: live painting de crianças, oficinas de bolhas de sabão, plantio de árvores de butiá, teatro, brincadeiras com materiais recicláveis, arte com folhas de árvores, harmonizações, piqueniques (com lanche para crianças incluído!), atividades sensoriais coletivas, etc.
Os coletivos serão Arte Livre, Requer Ação e Conscientrance. Estes últimos, estarão lá para dar uma atenção extra para os bebês e proporcionar brincadeiras de acordo com o seu tamanho! Para a tranquilidade dos pais e mães dos mais pequenos/as, grande parte das atividades serão indoor, dentro de uma casa.
A programação está linda e completa, com atividades desde as 8.30 am atá as 17.30 pm. Espero ver várias famílias do Trance por lá! ❤️
É importante mencionar que as crianças terão um horário para permanecer na pista principal (10 am – 19 pm). Pessoalmente, gostei! Achei uma forma amorosa de preservar a inocência e respeito pela infância.
O festival terá uma ambulância disponível e 7 bombeiros civis monitorando o evento 24 horas por dia. Além disso, pelo segundo ano consecutivo, a equipe Changa, de redução de danos, atuará junto, fazendo a prevenção, a conscientização e SOS da galera que precise assistência durante o evento.
Haverão seguranças e uma equipe de redução de conflitos monitorando o evento 24 horas por dia também.
Numa carta emitida para a resenha do 2018 deste portal, o Jonatan Costa, umas das pontas numéricas da crew, apontava: “Tivemos muitos desafios neste ano, em 12 anos de produção, esta foi certamente a edição mais trabalhosa e imprevisível de todas. O aumento de público de mais de 100% nos trouxe muitas dificuldades e imprevistos, porém trouxe muitos aprendizados também”
BANHEIROS
Nesse sentido, foi avisado que além dos 6 sanitários tradicionais, se alugaram mais 12 sanitários químicos, com limpeza as 24 horas por dia. Além disso, a crew declarou ter feito um forte investimento para aumentar o reservatório de água local, tendo agora 11 chuveiros (5 quentes e 6 com temperatura ambiente).
Porém, como muitos já sabem, o festival fica numa área rural, sem água encanada. Sendo um RESERVATÓRIO, é determinante que a galera tenha BOM SENSO na hora de tomar banho! : “Precisamos que as duchas sejam RÁPIDAS, apenas para tirar a sujeira e SEGUIR O BAILE! Além de EVITAR FILAS desnecessárias, é uma ÓTIMA PRÁTICA SUSTENTÁVEL! Foco na essência e não na aparência”.
PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO
Outra novidade é que o festival contará com 2 praças de alimentação agora: a clássica do Paradouro Rota das Barragens (conhecida por ter aquele rango caseiro bem servido) e outra sob responsabilidade do Origens Gathering. Esta nova praça promete trazer mais de 30 opções de lanches, com alternativas veganas e vegetarianas (o cardápio será divulgado no 04/03/19 no evento do facebook).
Triphotos
Gustavo Merolli
Religare Ars
Photo Paes
Rafael Hanzen
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A espera está acabando…
Bora levar apenas a melhor parte da gente!
Nos vemos lá! 🙂
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