O Papisa e o Trance – Esotrance

Esotrance: Uma análise do Tarot

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Continuando a nossa jornada do Louco (…)

É comum ouvirmos a expressão: “Todo verso tem um reverso”.

A partir dessa lógica podemos retomar nossa Jornada do Louco. Como vimos antes, o Louco – já transmutado em Mago – é um jovem esperto e interessado nas energias do cosmos e em tudo que está a sua volta e a sua disposição. Em virtude disso, ele acaba por se defrontar com energias sutis, que refletem detalhes do seu íntimo que ele desconhecia, o seu lado feminino, ou “Anima” (como descreveria o mestre Carl Gustav Jung). Nesse momento toda a sua polaridade masculina e intelectual se acopla a uma energia que até então ele não conhecia. Como podemos ver no Yin/Yang descrito sabiamente na cultura oriental, o equilíbrio energético positivo/negativo é essencial para o total desenvolvimento do ser. E, o seu intelecto já desenvolvido agora se transforma em algo mais… mais criativo… mais intuitivo… sensível e dotado da pureza da polaridade yin/feminina/negativa.

E eis que, do jovem Louco/Mago surge: A Papisa.

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Observe a imagem acima, sentada em seu trono, sobre sua cabeça está a lua crescente que representa sua mente fértil, a fertilidade criativa do elemento feminino que a rege, A Papisa (também conhecida como A Suma Sacerdotisa) é a carta número 2 do Tarot. É a segunda transformação do nosso Louco em sua caminhada. Podemos ver na imagem que no colo da Papisa está um livro, é o livro da vida, aberto em sua frente para que ela tenha acesso a todo o conhecimento da sequência vida-morte-vida e consciência dessa lógica. As duas colunas, uma branca e outra negra, que também podemos ver na imagem são Juakim e Boaz – as colunas do templo de Salomão – que representam o bem e o mal, o principio e o fim. Podemos ver que a Papisa (ou o lado feminino de nosso Mago) é a primeira mulher dessa jornada, sendo assim a grande criadora, a matriarca, nossa “Eva”; dotada de intuição, sensibilidade e poder de criação, que em sua delicadeza é capaz de colher toda a sabedoria disponível no Cosmos. Sendo assim, ela também é consciente de seu papel de unificadora dos princípios sagrados na terra. O equilíbrio perfeito entre o bem e o mal, o positivo e o negativo, o masculino e o feminino.

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Agora, vamos ao Trance:

Nosso Louco, já tornou-se Mago, intelectualizado e cheio de energia, descobre que por detrás daquelas mágicas e divertidas soluções, prontas para serem colhidas por seu espirito curioso e excêntrico, existia mais, muito mais a ser feito.

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Percebeu que nem tudo era bom e nem tudo era mau, ou, mais além… Tudo que era bom, não era de todo bom, e tudo que era mau, não era de todo mau. Havia mais! Havia uma necessidade de somar a expectativa com a realidade. Criar mais opções. Mas isso deveria ser feito de forma delicada, compreensiva, não poderia ser imposta. Pois toda a imposição causaria descontentamento e discórdia, pois é impossível agradar a todos. Como então ele faria para que suas ideias fossem implantadas e aceitas pelo maior número de pessoas? Essa era a sua maior dúvida, e em toda dúvida se esconde o estopim da transformação… PLIM! Nosso Mago descobre em si o seu outro lado: A PAPISA.

Através da aceitação que os opostos são necessários para o equilíbrio do Universo, ele muda sua forma de relacionar-se com o mundo que o rodeia. Floresce o seu lado feminino e, a partir dessa nova visão, ele começa a criar novas coisas. Provido de intuição e de sensibilidade nosso querido personagem agora sente-se mais pleno, podendo assim, participar mais ativamente. Criando, apaziguando e unindo as pessoas para um ideal comum, seja ele físico, metal, emocional ou espiritual.

O lado feminino aparece para a entrada do “outro eu”. É quando estar só em si, voltado para si, não basta. É o momento em que é preciso interagir com o cosmos, criar algo do lado de fora, um novo ‘’eu’’ que irá não só relacionar-se com o mundo a sua volta, como de alguma forma, interferir.

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Então, após a fase de descobertas e aprendizado ele parte para ação. Cativando outros pela ideia, levando-os para o mesmo caminho, iniciando alguns, ajustando outros, como um mestre de cerimonias. Pequenas regras aqui, liberdade de criação ali, discursos sobre o P.L.U.R aparecem junto com a imagem da Papisa, o arquétipo daquele que orienta, educa e dá tudo de si para curar os demais, seu mundo e a si mesmo; que de todas as formas busca consagrar suas verdades, que são consideradas muitas vezes utópicas por alguns, mas nunca ignoradas.

A energia da Papisa é como de uma “mãe”, do tipo superprotetora e preocupada. E, se permitir que essa energia se sobressaia a sua aparente doçura… pode muitas vezes, exacerbar situações com uma pitada de drama ocasional. É uma pessoa que quer que tudo dê certo, esteja certo, que haja equilíbrio e irá se dedicar afinco para que isso ocorra.

A cura pela natureza também exerce grande fascínio ao nosso personagem, que busca na medicina alternativa, na Astrologia, na Pajelança, Reiki, Acupuntura, florais e ervas… entre tantas outras terapias, tratar todos os males do corpo e do Universo, pois crê que o Macrocosmos e o Microcosmos são unidos por uma mesma energia vital. Essa mutação o fará parecer a persona mais ativa e interessada da tenda da cura, por exemplo.

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Estudos místicos são sua fonte inspiradora e assim ele segue seu caminho, pois hoje ele é um ser mais complexo, mas ainda não completo.

E assim, o nosso Louco continua a sua jornada.

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Aproveitando a alegria de falar sobre isso, vou deixar aqui duas imagens inspiradoras, descrevendo a energia da Papisa sobre os artistas e as artes:

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