~ Uma análise do Tarot ~
Continuando a nossa Jornada do Louco (…)
Nosso Louco, andando agora em alta velocidade por sua jornada, repara nas questões mais simples da vida…e que nelas existe a necessidade de ser justo. Justo consigo mesmo, justo com os outros, justo com a natureza das coisas. Então, novamente ele se transforma…e agora ele aparece como o Arcano VIII, A Justiça!
Analisando o Arcano:
A Justiça é o Arcano número VIII do Tarot (em alguns ela aparece como o Arcano XI, mas seguiremos nossa jornada pela numeração do Tarot clássico).
Na imagem vemos uma mulher de olhar fixo em algum ponto a sua frente, como quem sabe que tudo está sobre seu domínio. Regente, ela aparece sentada em um trono, em uma de suas mãos vemos uma espada, que serve para cortar o que não está de acordo com sua real noção de “pesos e medidas’’; na outra, a balança que avalia essa realidade. Observa-se também que a mão que segura a balança está na altura do coração, pois A Justiça representada aqui é individual, interna e pessoal; é nossa justiça instintiva.
A busca de harmonia e de equilíbrio entre as partes é revelada nessa carta.
A Justiça nos traz a autocrítica, o respeito próprio e aos demais, a ponderação na hora de julgar, o bom senso, a liberdade no sentido literal. Afinal, para o Tarot a Justiça está na liberdade do indivíduo, é ser livre e deixar o outro livre também.
Logo, é livre quem é justo. Portanto a autoavaliação é necessária, nada nos vale julgar os outros, se não nos julgarmos primeiro.
Voltando nossos olhos para a imagem da carta, agora podemos dar-lhe significado: a balança pesa, medindo nossa evolução, a espada retira os obstáculos, a imagem feminina representa a liberdade e o trono, o poder do discernimento.
Aqui o livre-arbítrio toma forma no momento em que conseguimos nos colocar no lugar do outro e saber que há leis que devem ser seguidas. Que não haverá liberdade se não houver equidade.
A Justiça, por vezes, é dita “cega’’; por outras, “aquela que tudo vê”, mas esse Arcano sem dúvida zela pela coerência, pela ordem, pela flexibilidade. Indica uma adaptação às necessidades, nossas e dos outros; nos alerta para que tenhamos soluções boas e justas e também para que abandonemos certos hábitos.
No plano mental: esse Arcano nos dá total discernimento e a autoridade para apreciar cada coisa em seu momento devido.
No plano físico: nos apresenta a capacidade de nos reabilitarmos rapidamente, uma saúde equilibrada, mas uma certa tendência a imobilidade e a zona de conforto.
No plano emocional: equilíbrio, um certo rigor nas escolhas, representa também as separações judiciais e cortes de vínculos afetivos.
Na caminhada espiritual: esta carta retrata uma época de estabilidade, é o momento de receber as recompensas – emocionais e materiais – de acordo com nossos atos.
E, como todas as cartas, essa também traz seu lado obscuro, ligado as injustiças, aos castigos, as perdas e a falta de disciplina. É prudente manter-se “na linha’’ para não ter dores de cabeça com processos judiciais, fiscais ou até mesmo, com a polícia.
A Justiça e o Trance:
A essa altura da jornada nosso amado Louco já não é mais aquele rapaz perdido e sozinho, ele evoluiu e já possui um claro senso de justiça. Ele já está participando do grupo há algum tempo e sabe que tem poder de escolher suas atitudes.
Então ele se revela na posição do Arcano da Justiça. Observa e julga o certo e o errado dentro de padrões muito claros de boa convivência e bom senso.
Aqui ele mede seus atos sem violar o espaço dos outros. Ele quer crescer, andar, evoluir, mas sabe em seu íntimo que para isso é preciso respeitar regras mínimas de coexistência.
A comunhão aqui se faz não só através do respeito mútuo, mas na ordem geral das coisas. Sabendo que há leis distintas em cada região do planeta, nosso amigo tem consciência que deve respeitá-las para não cair nas malhas das autoridades. E que, agindo corretamente, sua liberdade também será preservada.
Afinal, cada um colhe o que planta.
O outro para ele hoje não é um ser distante e ignorado, a sua presença rege um padrão a ser seguido e respeitado. A liberdade só existirá quando todos puderem usufruir dela.Portanto, essa regra é lei e nosso Louco passa a seguir o preceito:
“Viva e deixe viver”
Uma das bases da ideologia Hippie e uma das maiores influências na cultura Trance.
A liberdade do outro em si é tão – ou mais – importante quanto a sua própria, uma vez que ela, sozinha, não teria sentido.
Nosso caminhante sabe que para toda causa há um efeito. Para toda ação, uma reação. É um processo inalterado, mas dinâmico, pelo qual o equilíbrio do Universo é mantido.
Na Liberdade mora a chama da criação, respeitá-la só gera bênçãos e união. O equilíbrio da natureza deve ser mantido entre os homens também. Uma vez que nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.
O Louco – que é louco, mas não é bobo – sabe que é preciso ser justo também nas trocas.
Na sua jornada até aqui, ele assimilou que relacionar-se requer consideração. Hoje ele não mais se vê solitário, distante e ambicioso. Ele amadureceu a ideia e quer compartilhá-la, sem confrontos. Portanto, aprendeu a seguir algumas regras de comportamento que lhes serão muito úteis pelo resto de sua caminhada.
E eis que agora nosso Louco tranceiro é justo, nobre e decidido e, por isso, como um fruto de sua própria existência, ele amadurece… e irá transformar-se de novo.